Chefe da diplomacia dos EUA viaja até Pequim para evitar conflito com China
O chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, deve aterrar no domingo em Pequim, prometendo tentar evitar que divergências entre EUA e China se "transformem num conflito".
Desde que o Presidente dos EUA, Joe Biden, chegou à Casa Branca, em 2021, Blinken será a autoridade americana de mais alto escalão a visitar a China e o primeiro secretário de Estado a visitar Pequim nos últimos cinco anos.
Pouco antes de partir, Blinken sublinhou a importância de os EUA e a China estabelecerem e manterem melhores linhas de comunicação.
O chefe da diplomacia norte-americana defendeu que deve ficar garantido "que a competição entre os dois países não se transforme em conflito" devido a mal-entendidos evitáveis.
No domingo, Blinken inicia dois dias de intensas negociações, começando por se encontrar com o seu homólogo chinês, Qin Gang, estando ainda prevista uma conversa com o Presidente chinês, Xi Jinping, na segunda-feira, segundo o Departamento de Estado norte-americano.
Para Washington, a viagem de Blinken a Pequim destina-se sobretudo a restabelecer as linhas diretas de comunicação com a potência rival e gerir as tensões, para evitar um confronto acidental, após vários meses de turbulência, espoletado pelo incidente de um alegado balão de espionagem chinês que em fevereiro sobrevoou território dos Estados Unidos.
"Não vamos a Pequim com a intenção de fazer avanços ou provocar transformações", admitiu o chefe do Departamento de Estado para a Ásia, Daniel Kritenbrink.
A visita de Antony Blinken a Pequim surge na sequência de uma conversa, em novembro passado, entre o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o seu homólogo chinês, Xi Jinping, à margem de uma cimeira do G20 na Indonésia.
Os pontos de discórdia são numerosos: os dois países enfrentam-se nas questões de Taiwan, nas reivindicações territoriais chinesas no Mar da China Meridional e ainda na estratégica dos 'chips' eletrónicos ou no fentanil, um poderoso analgésico opioide.
Na questão de Taiwan, a China considera a ilha como uma das suas províncias, que espera reunificar com o restante do seu território por meios pacíficos, mas sem excluir o uso da força.
Nos últimos dias, o Presidente Xi deixou sinais de estar disponível para reduzir as tensões com os Estados Unidos -- durante uma conversa com o cofundador da empresa tecnológica norte-americana Microsoft, Bill Gates, na sexta-feira -- assegurando que os EUA e a China podem e devem cooperar "para benefício de ambos os países".
"Acredito que a base das relações sino-americanas está nas pessoas. (...) Na atual situação mundial, podemos realizar várias iniciativas que beneficiam os nossos dois países, e toda a raça humana", disse Xi a Gates.
Hoje, o Presidente Biden, comentando a visita de Blinken à China, disse estar confiante na possibilidade de uma cimeira com Xi, nos próximos meses, para colocar fim a um longo período em que os dois países praticamente anularam todas as vias de comunicação.
Ainda no início deste mês, o Governo chinês rejeitou um pedido do secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, para uma reunião paralela a uma conferência de segurança em Singapura.
Mas, na sexta-feira, Austin disse que estava confiante de que poderá reunir-se com o seu homólogo em breve, apesar de se manterem sinais de divergências profundas em várias matérias.
Esta semana, um porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China repetiu as acusações de que Washington continua a realizar ataques informáticos contra empresas chinesas, depois de Qin ter conversado telefonicamente com Blinken, pedindo aos Estados Unidos para respeitarem os interesses de Pequim.