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Itália intervém na empresa Pirelli para limitar acesso da China à sua tecnologia

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O governo italiano confirmou hoje que vai intervir na empresa automóvel Pirelli para limitar o acesso do grupo acionista chinês CNRC (China National Tire and Rubber Corporation) à tecnologia que opera os sensores dos seus pneus.

O governo de Itália tinha bloqueado a renovação do conselho de administração da Pirelli desde maio passado, para estudar se aplicaria o "Golden Power", uma medida excecional destinada a permitir ao Estado proteger as empresas estratégicas da interferência estrangeira.

Graças a este mecanismo, o governo italiano pode vetar qualquer influência de terceiros em setores sensíveis, independentemente de quem tenha adjudicado o concurso, um poder especial que já exerceu sobre o operador de telecomunicações Telecom em 2016, para travar a crescente influência do grupo francês Vivendi na participação do capital da mesma.

No caso da Pirelli, o Conselho de Ministros italiano, liderado pela ultra-conservadora, Giorgia Meloni, impôs uma "autorização estratégica de segurança industrial" que "estabelece limites de acesso à informação" sobre os sensores CYBER que podem ser implantados nos pneus.

"Estes sensores são capazes de recolher dados sobre os veículos relativos, nomeadamente, às condições da estrada, à geolocalização e ao estado das infraestruturas", disse o governo italiano em comunicado.

Segundo a nota citada, a informação recolhida por estes pneus pode ser transmitida para sistemas de processamento na nuvem e supercomputadores para criar, através da inteligência artificial, "modelos digitais complexos que podem ser utilizados em sistemas de ponta como as cidades inteligentes".

"A utilização indevida desta tecnologia pode implicar riscos consideráveis não só para a confidencialidade dos dados dos utilizadores, mas também para a eventual transferência de informações relevantes para a segurança", salienta.

O governo italiano reage assim à última renovação do conselho de administração da Pirelli, através da qual os acionistas chineses poderiam vir a eleger o seu futuro diretor-geral.

Os parceiros italianos Mtp e Camfin detêm uma participação de 14% na empresa, enquanto os chineses da CNRC possuem 37% do capital social.