ONU confirma a morte de 1.002 civis e 445 feridos no último ano
As Nações Unidas confirmaram hoje que 1.002 civis foram mortos e outros 445 feridos pela violência registada no último ano no Mali, onde mais de 30 ataques contra as forças da missão da ONU (Minusma) mataram nove capacetes azuis.
No balanço que o chefe da Minusma, El Ghasim Wane, apresentou ao secretário-geral da ONU em Nova Iorque, a missão da ONU no país aponta para uma certa "diminuição da violência" durante o período avaliado - de 22 de julho de 2022 a 23 de maio deste ano - em relação ao último relatório anual.
Esta diminuição deveu-se a "um aumento das operações militares e a uma mudança de tática por parte dos grupos extremistas" que operam no país.
O Mali e os restantes países do Sahel registaram um recrudescimento da violência nos últimos anos, tanto por parte de grupos ligados aos ramos das organizações terroristas Al-Qaida e Estado Islâmico que operam na região, como por parte da violência intercomunitária.
Além disso, os abusos cometidos pelas forças de segurança ajudaram estes grupos a engrossar as suas fileiras.
Em comparação, a ONU estimou no ano passado que 1.556 civis morreram e 530 ficaram feridos durante o período entre 01 de julho de 2021 e 30 de junho de 2022.
A ONU adverte, no entanto, que a situação humanitária no país se agravou progressivamente nos últimos 12 meses a um nível "alarmante".
As organizações humanitárias que trabalham no âmbito do plano de resposta humanitária coordenado pela ONU estimaram que, até 2023, 8,8 milhões de pessoas necessitarão de assistência e proteção humanitária no país, um aumento de 17% em relação ao ano anterior, particularmente nas regiões de Mopti, Timbuktu, Gao, Kidal e Ménaka.
A violência no Mali deixou, na última contagem em abril deste ano, um total de 375.539 deslocados internos, menos 8,9% do que o número de 412.387 registado em dezembro de 2022.
As regiões centrais do país, como Bandiagara, Douentza, Mopti, San e Ségou, são as mais afetadas por esta situação, com um total de 208.210 deslocados (55%). As outras 151.384 pessoas deslocadas (40%) estão registadas nas regiões de Gao, Kidal, Ménaka e Timbuktu.
A Minusma sublinha as enormes dificuldades com que se deparou no último ano devido às "tensões" com as atuais autoridades golpistas lideradas pelo autoproclamado "presidente interino" do país, o coronel Assimi Goita, que levaram a uma "redução considerável" da mobilidade dos capacetes azuis e a dificuldades "em relação a certas tarefas como as investigações sobre os direitos humanos".