Madeira é a região que menos aposta na formação profissional
Região tem menos cursos do que qualquer região portuguesas, incluindo os Açores
A Madeira é a região que menos cursos de formação secundária profissional proporciona aos que optam por essa via para continuarem os estudos, ficando inclusive atrás dos Açores, região essa que se iguala com o Algarve.
Esta é uma das conclusões que se pode retirar do estudo ‘Como Valorizar o Ensino Secundário Profissional? Dilemas, Desafios e Oportunidades”, divulgado ontem pela Fundação Belmiro de Azevedo.
Oferta no ensino profissional deve responder melhor a necessidades do mercado
Mais de metade dos cursos profissionais em Portugal pertence a apenas três áreas de estudo, segundo um relatório divulgado hoje, que sublinha a necessidade de a oferta formativa responder melhor às necessidades do mercado de trabalho.
De acordo com as conclusões, a Madeira oferecia o menor número de cursos profissionais, 85 ao todo, sendo que os Açores tinham 113 e o Algarve 114.
“Uma perspetiva relevante para avaliar a oferta formativa do ESP é analisar o seu alinhamento com os eixos temáticos e áreas prioritárias definidas na estratégia de especialização inteligente”, refere o estudo. “A Estratégia Nacional de Especialização Inteligente (ENEI) e as Estratégias Regionais de Especialização Inteligente (EREI) têm por pressuposto que a melhoria de conhecimento e competências num conjunto (limitado) de atividades económicas prioritárias possibilita uma melhor afetação de recursos e fomentar o desenvolvimento económico”.
Ensino profissional ainda se associa a baixo desempenho e contexto familiar
A opção dos alunos pelo ensino e formação profissional ainda está associada a um baixo desempenho académico e a contextos familiares e socioeconómicos mais desfavorecidos, em que dominam níveis de escolaridade inferiores.
Nesse sentido, a Madeira tinha 57 cursos alinhados com o EREI, representando 67% do total, e 66 alinhados com o ENEI, representando 78% do total. E ainda há 19 cursos não alinhados com nenhuma destas estratégias, representando 22% do total. Ou seja mais de 2 em cada 10 não se enquadravam com as “profissões e actividades estratégicas para o país”, nem contribuindo “efetivamente para a competitividade regional e nacional” e não aumentavam “o impacto económico do seu ensino”.
Apesar de ter menos cursos, em termos de alinhamento, comparado com as outras regiões, os cursos profissionais ministrados na Madeira estavam bem posicionados, com melhor percentagem que as três regiões com mais cursos, Norte (747 cursos, 59% alinhados com o EREI), Centro (586, 54% alinhados com o EREI) e Área Metropolitana de Lisboa (525, 59% com o EREI), enquanto que alinhados com o ENEI, a Madeira tem a segunda percentagem mais baixa, apenas à frente do Algarve (76%), alinhamento do qual era ‘campeão’ os Açores (88%). No caso dos não alinhados, a Madeira também tinha uma das maiores percentagens, só superada pelo Algarve (24%) e ligeiramente acima da A.M. Lisboa (20%), estando os Açores no polo oposto (12%).
Face à média nacional (2.330 cursos profissionais), a Madeira tinha uma percentagem de alinhados com a EREI superior à do país (67%), mas inferior com a ENEI (82%) , por conseguinte, maior percentagem de cursos não alinhados que a média de Portugal (17%).