Polícia brasileira faz buscas nos escritórios de senador pró-Bolsonaro
A Polícia Federal brasileira realizou hoje buscas nos escritórios e residências do senador Marcos do Val, declarado apoiante do ex-presidente Jair Bolsonaro, como parte de uma investigação sobre os ataques aos três poderes em janeiro.
"A Polícia Federal cumpre, na tarde desta quinta-feira (15/6), três mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, em endereços ligados a senador da República", indicou a Polícia Federal, em comunicado.
A operação abrangeu desde os gabinetes de Do Val no Senado até às suas residências em Brasília e Vitória, capital do estado do Espírito Santo, onde tem a sua casa particular e onde se encontrava esta quinta-feira.
A ação foi autorizada pelo magistrado Alexandre de Moraes, responsável no Supremo Tribunal Federal pela investigação da tentativa de golpe de Estado de 08 de janeiro, quando milhares de radicais invadiram as sedes três poderes com a intenção de derrubar o Governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O senador está a ser investigado nesse processo desde fevereiro, quando denunciou uma bizarra trama golpista, que na realidade foi interpretada como uma tentativa de desqualificar o próprio juiz Alexandre de Moraes.
Do Val deu várias versões, algumas contraditórias, na qual disse que em dezembro, antes da posse de Lula da Silva, encontrou-se com Bolsonaro e Daniel Silveira, militante da direita mais radical brasileira.
Segundo o senador, nesse encontro ele foi orientado a pedir uma reunião com Alexandre De Moraes, também presidente do Tribunal Superior Eleitoral, e a gravar a conversa sem que o juiz percebesse.
A intenção, segundo Do Val, era que o juiz aceitasse alguma suposta irregularidade para favorecer Lula da Silva nas eleições, o que teria servido de pretexto para invalidar as eleições e manter Bolsonaro no poder.
O próprio Alexandre De Moraes admitiu que, em dezembro passado, se encontrou com o senador, que revelou este alegado plano, mas recusou apresentar uma queixa formal.
"Ele disse-me que era uma questão de 'inteligência' e que não podia confirmar, por isso agradeci-lhe, porque o que não é oficial não existe", disse o magistrado na altura, que descreveu toda a alegada trama como "ridícula".
Desde então, Do Val defende que o magistrado não pode continuar a liderar a investigação sobre os acontecimentos de janeiro porque, na sua opinião, foi "avisado" de que havia planos para um golpe de Estado e "ignorou" a informação.
O senador é também membro de uma comissão parlamentar que iniciou os seus trabalhos há um mês para investigar os acontecimentos de janeiro e as diligências que antecederam a tentativa de golpe.