Gosto de desporto e considero a prática e o interesse uma mais valia para o desenvolvimento das crianças e dos jovens, por isso desilude-me a forma como alguns adultos se penduram no essencial para justificar a sua necessidade de humilhar e ofender outros.

É frequente observar adultos, habitualmente tranquilos e educados em diferentes contextos de vida, a alterarem o seu comportamento, revelando uma necessidade de poder, em jeito de superioridade, colados ao que chamam, paixão, clubismo, ou apenas adeptos fervorosos.

Já assisti, em práticas de desporto coletivo, com equipas infantis, ao completo descontrole de pais que se mostravam raivosos por o massagista da equipa em vantagem estar a assistir uma criança da outra equipa. Entre insultos e comentários despropositados esses pais pareciam tomados por uma ira irracional que lhes tolhia o cérebro e os pensamentos. Não pareciam ser as mesmas pessoas.

Hoje as redes sociais estão inundadas de comentários onde alguns aproveitam para, inferiorizar, provocar, insultar e agredir, usando o desporto como rampa de bullying atingindo qualquer um, indiscriminadamente.

Esta tendência leva-me a pensar como tanta gente gere os seus insucessos, complexos, e sentimentos de inferioridade, colando-se às suas equipas favoritas, clubes, treinadores ou desportistas, como se a cor dos seus ídolos fosse o disfarce das suas vergonhas. Nos sucessos e nos insucessos a mais valia é chocar, ofender e magoar.

Defendem práticas indefensáveis, atitudes vergonhosas, pessoas com carácter duvidoso, mas tudo vale para tornar seu, o pior dos outros e assim carregar com violência o discurso, em nome da paixão pelo desporto.

Querem lá bem saber do exemplo que passam às gerações mais novas, querem lá bem saber se no dia seguinte alguém os vai olhar com descrédito ou estranheza, ou mesmo com a certeza de quem afinal se revelou. A ânsia de gritar vitória ou desdenhar derrota da forma mais primária que pode existir é a tónica do mal resolvido.

Paixão pelo desporto, não é isto. É tudo o que os mais novos precisam de saber. Competitividade saudável, respeito pelo adversário, ambição sem humilhação, adrenalina sem agressividade. Estes princípios, cada vez mais frequentes entre os atletas, são a prova da mudança e a razão para acreditar que os velhos do insulto, do palavrão e da desconversa, irão passar a ser, apenas, uma triste expressão do significado desportivo. Cartão vermelho