Madeira

População residente na Região aumenta há 4 anos à custa de migração

Em 2022 a Madeira e o Porto Santo tinham 253.259 residentes, com quebra de 5,3% no saldo natural e aumento de 7,5% no saldo migratório

Foto Arquivo/Aspress
Foto Arquivo/Aspress

Pelo quarto ano a população residente da Região Autónoma da Madeira (RAM) cresceu, tendo sido estimada em 253.259 pessoas (119.062 homens e 134.197 mulheres) no final de 2022. "A Região manteve, pelo quarto ano consecutivo, a tendência de crescimento populacional, com mais 566 pessoas face a 2021 (252.693 pessoas, 118.555 homens e 134.138 mulheres)", informa a DREM. Ou seja o crescimento deu-se sobretudo com a entrada de mais homens.

"O saldo migratório (diferença entre os que vieram de fora para residir na Região e os que saíram, deixando de ser residentes cá) registado em 2022 (+1.911) foi determinante para aumentar a população residente da Região neste ano, uma vez que se sobrepôs à evolução desfavorável do saldo natural (diferença entre os nados-vivos e os óbitos, que passou de -1.131 em 2021 para -1.345 em 2022)", refere a Direcção Regional de Estatística da Madeira, que acompanha os dados nacionais divulgados pelo INE.

Assim, "a taxa de crescimento efetivo (que conjuga o efeito migratório com o efeito natural) foi positiva, de +2,2‰ (+3,1‰ em 2021). Para esta taxa contribuiu essencialmente o valor positivo da taxa de crescimento migratório (7,6‰), que prevaleceu sobre a taxa de crescimento natural negativa (-5,3‰)", destaca.

Diz ainda a autoridade estatística regional que "os maiores acréscimos populacionais em termos relativos foram observados nos municípios do Porto Santo (26,0‰) e Santa Cruz (10,5‰). É de salientar que os municípios de Santana (-11,6‰), Machico (-5,6‰), São Vicente (-0,8‰) e Calheta (-0,5‰) apresentaram uma taxa de crescimento efetivo negativa", sendo que duas delas inserem-se no grupo dos três em franco envelhecimento (as três do Norte, incluindo Porto Moniz).

Densidade populacional do Funchal é 4 vezes superior à regional

"Em 2022, a densidade populacional da RAM era de 316,1 habitantes por Km2", pelo que o Funchal, com 1.396,3 Hab/Km2, "foi o município a registar o maior valor", mais de quatro vezes acima da regional, "contrastando com o Porto Moniz, que apresentava o valor mais baixo (30,1 Hab/Km2)", ou seja 10 vezes inferior à densidade populacional da RAM.

Envelhecimento continua longa escalada

Também os dados revelam a longa, penosa e dramática escalda do envelhecimento da população residente, com a proporção de jovens a diminuir a a de idosos a aumentar.

"A proporção de jovens (população com menos de 15 anos) voltou a diminuir em 2022, representando 12,5% da população total (12,8%, em 2021)", enquanto que "a proporção de idosos (população com 65 ou mais anos) manteve a tendência crescente dos últimos anos, atingindo 20,6% da população residente (20,2%, em 2021)", resume a DREM.

"Em consequência, o índice de envelhecimento, que relaciona o número de idosos por cada 100 jovens, voltou a aumentar, fixando-se em 165,0 pessoas idosas por cada 100 jovens (158,2 em 2021). Os valores mais elevados deste indicador registaram-se no Porto Moniz (329,5) e em Santana (291,8). Os valores mais baixos foram observados em Santa Cruz (103,8) e Câmara de Lobos (107,3), sendo que em todos os municípios o número de idosos supera o número de jovens", atira os referidos números dramáticos.

Aliás, assegura, "a tendência de envelhecimento demográfico reflete-se na alteração do perfil das pirâmides etárias da Região ao longo da última década (2012-2022). Com efeito, pode observar-se, por um lado, o estreitamento da base da pirâmide, que traduz uma redução dos efetivos populacionais, por via da diminuição da natalidade, e, por outro, o alargamento do topo da pirâmide, que reflete o acréscimo do número de pessoas idosas, relacionado com o aumento da esperança de vida".

Renovação geracional continua a ser miragem

Por isso, importa olhar ao "número médio de filhos por mulher em idade fértil (15-49 anos), traduzido pelo índice sintético de fecundidade", que "ascendeu a 1,25 filhos por mulher (1,23 em 2021), permanecendo consideravelmente abaixo do valor necessário para assegurar a substituição das gerações (2,1 filhos por mulher em idade fértil)", salienta a DREM, apesar da ligeira melhoria.

No ano passado, "registaram-se 1.758 nados-vivos, filhos de mães residentes na Região, mais 14 crianças do que em 2021, correspondendo a uma taxa bruta de natalidade de 6,9 nados-vivos por mil habitantes (valor idêntico ao do ano anterior)", tendo sido dos poucos anos recentes em que se registou um aumento nesse indicador.

Contudo, longe de chegar ao número de óbitos. "Nesse ano, registaram-se 3.103 óbitos de residentes na Região, mais 228 óbitos (+7,9%) do que em 2021. A taxa bruta de mortalidade atingiu 12,3 por mil habitantes, valor superior ao observado em 2021 (11,4‰)", assinala.

Também os casamentos, medido pela taxa bruta de nupcialidade, que "apresentou um aumento significativo, passando de 3,4 casamentos por 1.000 habitantes em 2021 para 4,5 casamentos por 1.000 habitantes em 2022", ainda reflexos do período das restrições da pandemia, e quanto à taxa bruta de viuvez, "o valor foi idêntico ao apurado no ano anterior (4,4 viúvos por 1.000 habitantes)".