Chefe do Grupo Wagner alarga desafio ao regime de Moscovo
Os serviços secretos britânicos consideraram hoje que a retórica do líder do Grupo Wagner "está a evoluir para um desafio a setores mais amplos" do regime russo ao recusar assinar contratos com o Ministério da Defesa.
Yevgeny Prigozhin rejeitou a ordem do ministro da Defesa, Serguei Shoigu, para que todos os grupos paramilitares russos que atuam na Ucrânia, como o Wagner, assinassem contratos de prestação de serviço com o ministério até 01 de julho.
O Presidente russo, Vladimir Putin, apoiou a decisão de Shoigu na terça-feira, mas Prigozhin reafirmou, no dia seguinte, a recusa em assinar quaisquer contratos.
Durante meses, Prigozhin "fez críticas inflamadas à direção do Ministério da Defesa, mas submeteu-se à autoridade de Putin", afirmaram os serviços secretos britânicos numa mensagem publicada pelo Ministério da Defesa britânico na rede social Twitter.
Os serviços britânicos recordaram que Prigozhin insistiu na recusa apesar do apoio de Putin à medida, afirmando que "nenhum combatente do Grupo Wagner vai seguir o caminho da vergonha".
"A retórica de Prigozhin está a evoluir para um desafio a setores mais amplos do 'establishmen't russo", consideraram as "secretas" de Londres.
A "data-limite para a assinatura dos contratos pelos voluntários será provavelmente um ponto de viragem na contenda", acrescentaram, segundo a agência espanhola Europa Press.
O Ministério da Defesa russo justificou os contratos como um "esforço para fornecer o estatuto legal necessário e alargar a proteção social e as medidas de apoio aos voluntários e às suas famílias".
"Quando a pátria estava com problemas, quando era necessária a ajuda do Wagner e fomos todos defendê-la, o Presidente prometeu-nos todas as garantias sociais", escreveu Prigozhin, na plataforma digital Telegram, na quarta-feira.
"Tenho 20.000 mortos. Eles deveriam também assinar um contrato com o Ministério da Defesa?", questionou sarcasticamente o líder do Grupo Wagner, considerado um aliado de Putin.
Os contratos começaram a ser assinados no fim de semana, tendo o primeiro sido celebrado com a unidade especial chechena Akhmat, de Ramzan Kadyrov.
O Grupo Wagner tem estado envolvido na guerra da Ucrânia, iniciada pela Rússia em 24 de fevereiro de 2022, e destacou-se na batalha por Bakhmut, considerada a mais longa e sangrenta do conflito até agora.
Prigozhin reivindicou a tomada da cidade do leste da Ucrânia em 20 de maio.
O conflito na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Desconhece-se o balanço de baixas militares e civis da guerra, mas diversas fontes, incluindo a ONU, admitem que será elevado.
A Ucrânia tem contado com o apoio dos aliados ocidentais no fornecimento de armamento.
O Ocidente também impôs sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade russa de financiar o esforço de guerra na Ucrânia.