Os cartazes
Já por mais do que uma vez me pronunciei a favor das justas reivindicações dos professores. Não me fiquei pelas conversas particulares e de circunstância, escondidas do grande público. Fi-lo abertamente, consciente do seu inegável merecimento.
Sobra-me, portanto, legitimidade para discordar do que vi nas comemorações do 10 de junho. Não compreendo como é que professores que têm por missão educar possam empunhar cartazes ofensivos. Pior se dirigidos ao primeiro-ministro, seja ele quem for, goste-se ou não dele. Para estas entidades espera-se, para mais numa cerimónia pública de enaltecimento da pátria, condescendência e o devido respeito.
Um professor educa os nossos filhos. E se educa não pode ser mal-educado. A democracia impõe a livre discussão de conceitos e pontos de vista. Segurar uma grande caricatura, agressiva e hostil, não é uma coisa nem outra. Não contribui para o diálogo e promove um mau exemplo para os mais jovens.
É claro que não se pode confundir a árvore com a floresta e a generalidade dos professores não se revê naquele comportamento. Os próprios já devem ter repensado e, portanto, não é caso para julgamentos do género: diz-me que cartaz levas, dir-te-ei quem és. Nem para dramatizar. Até porque se o objectivo era enxovalhar António Costa, o mais que conseguiram foi vitimizá-lo. Um tiro no pé.
O exercício da discordância em política não implica a falta de respeito. Sempre entendi os opositores como adversários. Até porque os inimigos, quando existem, estão mais perto. A democracia pressupõe discussão, debate, troca de opiniões, mas não dispensa a cordialidade e a boa educação. Mas, admito, apesar de anunciarem devoção nem todos são praticantes.