Mundo

UE ameaça Kosovo com "consequências políticas" devido a tensões com comunidade sérvia

None

A União Europeia (UE) ameaçou hoje as autoridades do Kosovo de "consequências políticas" se Pristina não tomar medidas para aliviar as tensões com a comunidade sérvia do norte do país.

"Esperamos que o primeiro-ministro kosovar, Albin Kurti, tome medidas para desanuviar a situação. Caso contrário, haverá consequências políticas, com a suspensão de visitas e contactos de alto nível, e medidas temporárias e reversíveis", avisou o porta-voz do chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.

"Não se trata de sanções, mas de medidas restritivas", insistiu.

No entanto, o porta-voz reconheceu que a suspensão do apoio financeiro da UE está a ser discutida. 

"Foram apresentadas propostas aos Estados-Membros e estão a ser discutidas", disse, sem dar mais pormenores.

A reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE está agendada para 26 de junho no Luxemburgo.

A violência eclodiu no início deste mês no norte do Kosovo quando o governo kosovar instalou presidentes de câmara de origem albanesa em quatro cidades do norte do Kosovo, na sequência de eleições locais que foram largamente boicotadas pelos sérvios.

Cerca de três dezenas de soldados da KFOR, a força multinacional liderada pela NATO, ficaram feridos nos confrontos entre manifestantes das duas comunidades.

Instado a atuar, Albin Kurti apresentou um plano de cinco pontos para tentar desanuviar a situação, incluindo novas eleições nos quatro municípios em disputa, tendo também apelado ao reatamento "imediato" das conversações com a Sérvia, sob a égide da União Europeia. 

No entanto, tal não levou ao fim dos confrontos.

A Sérvia, apoiada pelos aliados russos e chineses, nunca reconheceu a independência proclamada unilateralmente em 2008 pela sua antiga província, uma década depois de uma guerra mortífera entre as forças sérvias e os rebeldes independentistas albaneses.

Cerca de 120.000 sérvios vivem no Kosovo, um terço dos quais no norte do território, que tem uma população de 1,8 milhões de habitantes, a grande maioria dos quais são albaneses kosovares.

A minoria sérvia é largamente fiel a Belgrado e recusa-se a reconhecer a soberania de Pristina.