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Primeiro-ministro israelita coloca serviços secretos na luta contra o crime

Foto GIL COHEN-MAGEN/AF
Foto GIL COHEN-MAGEN/AF

O primeiro-ministro israelita ordenou ontem a entrada do Serviço de Inteligência Interna (Shin Bet) na "guerra contra as famílias criminosas" na sociedade árabe, após uma centena de mortos por violência intracomunitária e apesar das advertências de várias autoridades.

"Apesar das dificuldades, as capacidades do Shin Bet devem ser integradas na guerra contra as famílias criminosas no setor árabe", anunciou Benjamin Netanyahu após uma reunião de emergência sobre o assunto.

Segundo um comunicado do gabinete do primeiro-ministro, "durante a discussão foram apresentadas as posições do Shin Bet, da Polícia de Israel e do Ministério da Justiça, bem como as de vários ministros".

O primeiro-ministro, segundo o documento, "deu instruções ao chefe do Conselho de Segurança Nacional, Tzachi Hanegbi, para formular recomendações operacionais a serem apresentadas numa discussão de acompanhamento na próxima semana", e anunciou a criação de um "comité ministerial sobre assuntos da comunidade árabe".

De acordo com o diário israelita "Haaretz", o chefe do Shin Bet, Ronen Bar, avisou durante a reunião de domingo que o desvio dos recursos da organização para combater o crime na comunidade árabe terá efeitos negativos na luta contra o terrorismo.

O procurador-geral, Gali Baharav-Miara, manifestou a sua preocupação pela possibilidade de o envolvimento dos serviços de informação na luta contra o crime violar os direitos dos cidadãos árabes, que representam uma minoria constituída por palestinianos e descendentes dos que permaneceram em Israel após a sua fundação em 1948.

A decisão de Benjamin Netanyahu surge dias depois do incidente criminoso mais sangrento dos últimos anos no país, que levou à morte de cinco árabes israelitas na quinta-feira, durante um episódio de violência entre grupos criminosos no norte do país.

O tiroteio levou a protestos e a uma greve nas comunidades árabes na sexta-feira. Em várias localidades, realizaram-se manifestações e comícios sob o lema "Queremos viver", tendo sido também exigido um maior envolvimento e intervenção das autoridades israelitas.

De acordo com a organização não-governamental "Abraham Initiatives", que acompanha a situação no terreno, pelo menos 100 pessoas deste grupo foram mortas até agora este ano, um número muito superior aos 35 assassinatos contabilizados em junho do ano passado.

Do total de assassinatos ocorridos no país este ano, mais de 70% foram entre a minoria árabe, que representa 21% da população e tem taxas de pobreza de cerca de 50%, muito acima da média, que ronda os 20%.