Mulher de Alex Saab acusa EUA de manterem marido detido como "um troféu"
à mulher do empresário colombiano Alex Saab - alegado testa de ferro do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, extraditado de Cabo Verde para Miami - disse hoje que os EUA o mantêm detido "como um troféu".
"O meu marido está detido nos Estados Unidos como um troféu, o 'lawfare' [judicialização da política], esta perseguição política e mediática contra a Venezuela vai mais além, chegaram ao ponto de raptar um diplomata, estão a violar as normas internacionais", disse Camila Fabri, citada num comunicado de imprensa.
O empresário colombiano Alex Saab foi detido pela Interpol e pelas autoridades cabo-verdianas em 12 de junho de 2020, durante uma escala técnica na ilha do Sal, com base num mandado de captura internacional emitido pelos EUA.
Numa viagem para o Irão em representação da Venezuela, com passaporte diplomático, enquanto 'enviado especial' do Governo venezuelano, a sua detenção colocou Cabo Verde no centro de uma disputa internacional e de pressões públicas de vários países.
Ao fim de 16 meses de processos nos tribunais cabo-verdianos e internacionais, com dezenas de recursos dos seus advogados, o Tribunal Constitucional de Cabo Verde indeferiu os últimos pedidos da defesa de Saab e autorizou, em 16 de outubro, a sua extradição para os EUA, perante críticas lançadas internamente e no exterior, nomeadamente na Venezuela, pela alegada cedência à exigência norte-americana.
No comunicado divulgado hoje, Camila Fabri disse que o que se passa com o marido pode acontecer "a qualquer funcionário, ativista ou empresário que esteja a tentar ajudar a Venezuela".
Os EUA querem enviar uma "mensagem de medo" com a detenção do empresário, acrescentou, denunciando que o marido foi torturado quando o tentaram obrigar a assinar "uma declaração contra o Presidente Nicolás Maduro e nos primeiros três meses perdeu 23 quilos".
Em março passado, Camila Fabri apelou ao Governo dos Estados Unidos para que negociasse a libertação de Saab, acusado de conspiração para cometer branqueamento de capitais num tribunal de Miami, tendo-se declarado "inocente".