Fact Check Madeira

A depressão Óscar retirou areia do Porto Santo?

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Nos últimos dias, após a passagem da depressão Óscar, circulam imagens da praia de areia do Porto Santo cujo cenário idílico, de um extenso areal, arrebatador, consagrada e distinta, com diversos selos de qualidade, um deles da prestigiada European Best Destinations, alterou por completo este quadro esplendoroso passando a um manto rochoso basáltico. Será verdade que a praia deixou de ter areia? Será um fenómeno sazonal? Qual o motivo para esta alteração? A ilha corre sérios riscos de perder a imagem que ostenta?

Vamos às respostas. 

Primeiro: as imagens. É verdade que os alertas e os avisos lançados pelas autoridades despertaram cautelas aos porto-santenses para dias de tempestade que se avizinhavam. Acautelados, os olhos viraram-se, também, para o bem mais precioso que há na ilha: a praia. Rapidamente os cliques e os flashes foram sendo difundidos pelas redes sociais. Uma das fotografias é a que pode visualizar abaixo. Tornou-se viral. Causou alarme. Preocupação.

Para perceber este registo falamos com João Baptista. É docente e investigador, Geobiotec, FCT, Universidade de Aveiro. Há anos que vem estudando a dinâmica da praia do Porto Santo. Um verdadeiro entendido na matéria. Foi orador convidado pela Ordem dos Economistas da Madeira para  a XV Conferência Anual do Turismo, realizada em Outubro de 2022, e nessa ocasião apresentou um aturado estudo sobre a dinâmica da praia. 

Lendo perceberá que o aparecimento de “carga sólida ou lajedo”, como lhe designa, sobre "o rosto da praia", não é de agora. Mas o que leva a tanta erosão? Neste caso em concreto deveu-se aos "ventos ciclónicos", de quadrante sul, que alteraram o "regime hidrodinâmico da ondulação" proporcionando uma agitação marítima "anormal" que modificou a imagem da praia.

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De resto, ainda que surjam reparos ou sugestões de intervenções o Governo Regional já procedeu a recargas de areia através de dragagens do interior do porto aproveitando os inertes do desassoreamento para repor os níveis anteriores, como poderá constatar aqui.

Trata-se de um fenómeno sazonal decorrente da dinâmica da praia, conforme explica o investigador madeirense, João Baptista Silva