Igreja do Estreito de Câmara de Lobos
Respeito: Certamente uma palavra ausente do vocabulário dos católicos desta ilha, que vociferam o seu desprezo para com aqueles que não seguem a seita a que pertencem através dos ignóbeis altifalantes instalados no alto dos seu antros adornados com uma cruz.
De todos estes famigerados lugares, temo que o instalado no centro do Estreito de Câmara de Lobos seja o mais autista. Ou, porventura, o que acolhe mais surdos. Pois só uma pessoa com problemas de audição, ou falta de bom senso, pondera espalhar aos quatro ventos tais miseráveis vozes de cana rachada.
Lembro-me que, há pouco tempo, a Câmara Municipal do concelho deu o aval à igreja do Carmo para prosseguir com as espingardas, leia-se altifalantes, apontadas à população pois o “direito à religião” está consagrado na Constituição. Parece-me, no entanto, ser apenas uma forma enviesada de ler a lei.
Tendo em conta que a liberdade de outrem acaba onde a minha começa, não vejo de que forma poderá ser legal ter uma pessoa, constantemente, a assassinar-me os ouvidos com ladainhas que creio já estarem obsoletas para a maioria da população desta freguesia.
Até quando, pergunto, terei que aturar estas vozes de cana rachada? Já não chega levar com isso aos fins de semana? Sem esquecer as centenas de badaladas diárias daquele sino. Também sou obrigado a ouvir isto todos os dias a partir das 18h?
Das duas uma, ou acabam com isto, ou arranjam alguém que saiba cantar.
Estou a brincar. Só vejo uma saída deste escárnio: Acabem com isto, já chega!
Pedro Miguel Figueira Freitas