Não é só querer, é preciso saber (fazer/governar)
Se for para ser mais precisa, e recuando no tempo, percebemos que o problema da governação socialista em Portugal não é de hoje e que, por falta de ambição e de capacidade de liderança, o que se está a passar na esfera política nacional não é mais do que o resultado acumulado de oito anos de “um querer” a todo o custo pois o PS formou governo sem ter ganho as eleições, e de um acumular de erros políticos entre os quais o recrutamento partidário para os comandos da Nação e a transferência para o Estado de uma disputa interna pela sucessão no partido. Tudo isto disfarçado com a manipulação e encenação de uma máquina de propaganda que os socialistas nos têm presenteado.
Enquanto os apoiantes do Senhor Dr. António Costa puxam pela criatividade e pela melhor adjetivação que encontram para desvalorizar o cenário político português que culminou com afamada polémica e conflito institucional entre o Senhor Presidente da República e o Senhor Primeiro Ministro da passada semana na sequência do “Galamba Gate”, os Portugueses sentem os seus problemas agudizarem-se.
São as quebras sistemáticas de rendimento com origem no fraco crescimento da economia dos últimos anos – eu diria até falta de ambição e de saber –, na parca atualização das remunerações que é absorvida pela inflação, no aumento dos custos dos bens alimentares, de energia e vestuário e calçado. É o aumento das taxas de juro que absorve muito rendimento disponível de quem tem empréstimos e penaliza o investimento privado. É uma carga fiscal que atinge recordes e estabelece um fosso entre os montantes processados e que são dados como custo e os efetivamente recebidos. E é a degradação dos serviços públicos – saúde, educação, justiça, transportes - que deixam todos, mas principalmente, os mais vulneráveis numa enorme desvantagem.
Sorte têm os madeirenses e porto-santenses que há muitos anos a esta parte optaram, e bem, pelo binómio “estabilidade política – capacidade de concretização”.
Na Região a governação social-democrata tem-se demonstrado longa, mas também com aspiração e eficácia. Depois de um longo período de governação do Senhor Dr. Alberto João Jardim eis que surgiu o Senhor Dr. Miguel Albuquerque, que ao seu estilo, mas também com uma grande capacidade estratégica, de superação, de ambição, de competência e habilidade política tem levado a Madeira e o Porto Santo a níveis relevantes de desempenho.
Na educação foi feita a recuperação da contagem de serviço para os professores para efeitos de carreira e houve um cuidado na integração de muitos e muitos dos profissionais nos quadros da Administração Pública. A ambição é notória e é consubstanciada com políticas e projetos na área da tecnologia e da ciência.
Na saúde, a procura crescente e as debilidades do setor são enfrentadas com ações de valorização do capital humano e avultados investimentos: Hospital Central e Universitário da Madeira e nova Unidade Local de Saúde do Porto Santo, só para dar dois exemplos. Para quem cá está, pode até ter uma percepção distinta, até porque pode-se fazer sempre melhor e este é um setor em constante evolução, mas posso dizer-vos que o que se passa no território continental é muitíssimo pior e que, na passada semana, durante um seminário em Lisboa na área da saúde que juntou médicos, enfermeiros, farmacêuticos e psicólogos, a Madeira foi referida como caso de sucesso várias vezes.
Na economia o setor do turismo, do imobiliário e da tecnologia registam valores recordes o que permite a criação e a consolidação da riqueza neste espaço insular o que é fundamental para aplicar políticas sociais de proteção aos mais desfavorecidos e de desenvolvimento.
Pena é o atrapalho em dossiers que dependem da República e que se arrastam há muito tempo: o subsídio social de mobilidade; o financiamento adequado da Universidade da Madeira que é deficitário; os custos da assistência hospitalar e da comparticipação a medicamentos dos profissionais do Estado na Região, nomeadamente PSP, GNR e Militares, que neste momento ascendem a 52 milhões e que até à data estão a ser pagos com os impostos dos madeirenses; a nova ligação aérea para Porto Santo – Funchal, o lançamento do novo cabo submarino para telecomunicações; a implementação correta do Programa Regressar que nem na sua 4.ª versão é justo para este espaço insular, as obras mais que necessárias em alguma esquadras e tribunais, e até o Ferry que António Costa prometeu em agosto de 2019 que faria a ligação da Madeira a Lisboa.
Esperemos que os madeirenses e porto-santenses com estes exemplos e com a evidência das diferenças nas governações – nacional e regional – mantenham o discernimento e nas eleições legislativas regionais do final do verão saibam reconhecer a importância da estabilidade social e política bem como do saber fazer/governar.