Vice-presidente da Câmara de Lisboa diz que constrangimentos no metro resultam da "teimosia" do PS
O vice-presidente da Câmara de Lisboa disse hoje que o plano de mobilidade da zona ribeirinha "está a correr bem", considerando que os constrangimentos nos transportes públicos resultam sobretudo da "teimosia" do PS com a linha circular do Metropolitano.
"Estamos a viver constrangimentos muito grandes na cidade [na área da mobilidade], que não podemos deixar de ter presentes e que têm em grande medida a ver, em termos principais hoje, com as obras no metro, quer na linha Amarela, quer na linha Verde, e que tem a ver sobretudo com o plano de implementação da linha circular", declarou o vice-presidente da Câmara de Lisboa, Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP).
O autarca do CDS-PP falava na reunião plenária da Assembleia Municipal de Lisboa, no âmbito de um debate de atualidade sobre o plano de mobilidade da zona ribeirinha, requerido pelo grupo municipal do PS.
"A linha circular foi uma teimosia do presidente da Câmara de Lisboa na altura e foi também uma teimosia do primeiro-ministro, que ainda o é", apontou Anacoreta Correia, referindo-se a António Costa (PS), frisando que "foi uma teimosia em minoria", porque tanto no executivo municipal, como na Assembleia da República, "a maioria dos partidos foi contra essa solução".
A linha circular vai ligar a estação do Cais do Sodré (linha Verde) à do Rato (linha Amarela), com a criação de um anel envolvente da zona central da cidade, que inclui a abertura de duas novas estações: Estrela e Santos.
Um mês após o início deste mandato, em novembro de 2021, a Câmara de Lisboa, sob a presidência de Carlos Moedas (PSD), aprovou uma moção do PCP que manifestava "viva oposição" à linha circular do Metropolitano e instava o Governo à "reavaliação imediata" do projeto.
A moção foi viabilizada com os votos a favor dos eleitos pela coligação "Novos Tempos" (PSD/CDS-PP/MPT/PPM/Aliança), do PCP e do BE e com os votos contra dos eleitos pela coligação "Mais Lisboa" (PS/Livre).
Apesar de ser contra a linha circular, "a Câmara Municipal de Lisboa está ao inteiro dispor e totalmente empenhada em resolver aquilo que é da sua competência e resolver os problemas de mobilidade na cidade", assegurou o vice-presidente.
Neste âmbito, a empresa municipal Carris tem estado "fortemente empenhada" em reforçar as linhas de transporte, "mas isso não é suficiente", reconheceu Anacoreta Correia, indicando que o executivo municipal tem tido "reuniões regulares" com o Metropolitano para encontrar soluções de mobilidade.
"O metro tem a responsabilidade de assegurar o transporte alternativo que é necessário em face das suas ruturas de transporte em questão, quer na linha Verde, quer na linha Amarela, e isso não se tem verificado", referiu o autarca, que tem o pelouro da Mobilidade, manifestando surpresa por a empresa de transporte público não ter acautelado devidamente os impactos das obras em curso.
A situação "preocupa muitíssimo" a Câmara de Lisboa, assumiu o vice-presidente, adiantando que, se o Metro não encontrar soluções, o município tratará de "encontrar as melhores alternativas", que podem ir além da frota da Carris.
"Um impacto no metro é um impacto na cidade, porque se os condutores perceberem que não podem utilizar o metro para se deslocarem na cidade, inevitavelmente vão usar mais carro", alertou.
Em concreto sobre o plano de mobilidade da zona ribeirinha, com condicionamentos de trânsito desde 26 de abril devido a várias obras, situação que se mantém por tempo indeterminado, Anacoreta Correia disse que "está a correr bem", verificando-se que "muitos dos condutores que atravessavam a frente ribeirinha deixaram de o fazer", pelo que "o território está mais habitável".
Ainda que a avaliação global seja positiva, inclusive a responsabilidade dos condutores, o autarca reconheceu que há ruas com "pior trânsito", sobretudo as adjacentes à Avenida Dom Carlos I, porque "há zonas que estão mais expostas ao problema das obras", nomeadamente do Metropolitano, em que o calendário está associado ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), que tem de ser executado até 2026.
Anacoreta Correia reiterou que o plano de mobilidade é dinâmico, está a ser monitorizado e as boas soluções podem ficar para futuro, defendendo que "faz sentido que não haja tráfego de atravessamento" na zona ribeirinha.
Devido às obras de expansão do Metropolitano de Lisboa, do Plano Geral de Drenagem e de reabilitação de pavimentos e coletores, a circulação rodoviária está interrompida ao trânsito geral na zona ribeirinha e na Avenida 24 de Julho, em ambos os sentidos, entre a Avenida Infante Santo e a Avenida Mouzinho de Albuquerque, e a alternativa passa pela 5ª Circular, com o percurso desde a Avenida Infante Santo, passando pela Praça da Estrela, Largo do Rato, Rua Alexandre Herculano, Rua do Conde de Redondo, Avenida Almirante Reis, Praça do Chile, Rua Morais Soares, Praça Paiva Couceiro e até à Avenida Mouzinho de Albuquerque.