Aldeia do Padre Américo - Qt.ª Vale Paraíso
Nas minhas caminhadas regulares de fim-de-semana, ontem domingo, calhou caminhar Camacha adentro.
Passei a certa altura na Aldeia do Padre Américo na Quinta Vale Paraíso, Camacha (abriga crianças e jovens) pertencente a João António Bianchi, Visconde de Vale Paraíso, agora na posse da Diocese do Funchal.
Já há alguns anos passei na dita Quinta pela 1.ª vez com um grupo de caminheiros, o dia estava agreste, íamos lanchar no pátio da Casa.
Alguém nos abriu a porta convidando a lanchar no interior da Casa. Era a D.ª Lurdes, responsável pela Casa que abrigava e ainda abriga crianças de famílias desestruturadas. Contrariando notícias, de 2016 que dizia que na Casa já não havia crianças e jovens acolhidos. Nesta altura talvez não, mas atualmente tem. Ontem confirmei isso. Até havia 2 carros estacionados, um deles um Renault Clio branco.
Fiquei chocada pelo seguinte. A Casa tem imensas janelas, portas, onde a luz natural pode entrar, tinha os tapa-sóis todos fechados. Com um dia de sol fantástico, um espaço livre para brincar e aproveitar enorme, não havia viva alma no exterior. Nem uma bola no pátio, escorregas, baloiços, nada que faça perceber que ali vivem crianças. É urgente criar condições para que estas crianças possam brincar, correr e ser felizes fora de 4 paredes. Enclausuradas? Não quero crer!
Já tive a oportunidade de “conhecer“ a realidade na Fundação Zino, e aqui as crianças brincam ao ar livre, no pátio.
Ao aproximar-me da Casa ouvi vindo do interior, um adulto gritar a altos pulmões, brigava com alguém, provavelmente uma criança, um adolescente, um jovem. Fiquei perturbada com aquela situação, ainda fiquei um tempo junto à Casa e a gritaria continuava sem qualquer reação de quem quer que fosse. Pergunto estas crianças que pela vida madrasta que tiveram de em tão tenra idade enfrentar, são retiradas às famílias, institucionalizadas, ainda têm o azar de ter alguém responsável sem sensibilidade alguma para lidar com elas? Uma pessoa que deveria zelar pelo bem estar emocional destas crianças, é alguém que não respeita o seu semelhante. Estas crianças precisam de colo, precisam de amor, precisam que alguém lhes ensine que a Vida vale a pena viver. A solução de retirar as crianças à família, é a opção mais fácil. Deveria sim, ser criadas condições no seio da família, para que as crianças permanecessem junto delas. Retirá-las da família é violento, cruel, “despeja-las“ num sítio qualquer, sem garantir todas as condições é mesmo desumano.
Até porque não existe soluções que substitua a família! Família centro da Vida!
Enjaulá-las não é a solução! São Seres Humanos, Seres Vivos e como tal merecem todo o respeito e dignidade.
À Diocese do Funchal, à Segurança Social, a todas as Instituições que interferem nestes processos exige-se, todo o cuidado e sensibilidade para lidar com casos tão sensíveis. Crianças são, adultos serão, que será da nossa sociedade meu Deus?!
E o melhor do mundo ainda, são as Crianças !!!!!
Maria Abreu