A produção de cana sacarina ainda não satisfaz a procura das fábricas existentes na Região e disso deu conta hoje o gerente da Fábrica de Mel do Ribeiro Seco, no Funchal, salientando que as 1.600 toneladas de que precisavam para satisfazer as suas necessidades de produção de mel e outros produtos tradicionais, não vão ser conseguidas.

Em plena laboração, Luís Camacho acredita que poderão chegar a pouco mais de 1.100 toneladas de cana, sendo que no ano passado chegaram às 1.300 toneladas, confiando que o produto final será "sempre igual ou melhor que nos anos anteriores". Da qualidade da matéria-prima, alguma tem entrado melhor do que outra, sobretudo aquela que veio para o engenho depois da Páscoa, a partir de Abril.

Quanto aos preços junto dos consumidores, salienta que não podem aumentar muito para não onerar o cliente, o que seria muito difícil para até para a própria empresa, que nesta altura emprega 31 trabalhadores, alguns sazonais, dado o volume de cana que chega nesta altura do ano.

Também o presidente do Governo Regional, que fez uma visita ao engenho acompanhado pelo secretário regional da Agricultura., Humberto Vasconcelos, salientou que esta Fábrica de Mel do Ribeiro Seco não produz aguardente, mas sim mel e broas, realçando que a sua gestão tem tido "uma atitude muito positiva no mercado, todos os anos apresentando produtos inovadores, como é exemplo o mel de cana biológico, kits de broas, compotas", exemplificou.

Miguel Albuquerque salientou que esta é uma das principais produtoras da tradição madeirense, que vende muito produto transformado, nomeadamente aos turistas no Aeroporto. Elogiou o facto de comercializarem produtos transformados, "como sempre tenho defendido", disse.

E atirou ainda contra quem, "de forma mentirosa", tem propalado sobre os preços pagos aos agricultores. "De 2022 para 2023 aumentamos o valor pago em 20%. Ou seja, no ano passado era pago a 30 cêntimos e este ano vai ser pago a 36 cêntimos, com os engenhos a entrarem com 15 cêntimos, o POSEI (fundos comunitários) com 19 cêntimos e o Orçamento Regional com 2 cêntimos", explicou.

A produção regional não tem crescido, mas garante que não tem descido, variando entre 9.000 toneladas ou pouco mais, ao contrário do preço que durante quatro anos, até 2021, era de 28 cêntimos, aumentando para 30 cêntimos em 2022 e este ano aumenta o valor já referido. "O governo e os produtores têm acompanhado, gradualmente, a evolução dos preços. Essa é a realidade. Tem de ser feita de forma progressiva, no sentido de que as empresas que compram a cana também poderem ter rentabilidade, continuarem a laborar e escoarem o produto a preços acessíveis junto do consumidor", defendeu o governante.