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Academia de Língua da Venezuela associou-se às celebrações da Língua Portuguesa

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FOTO MNE

A Academia de Língua da Venezuela juntou-se pela primeira vez às celebrações locais do Dia da Língua Portuguesa, um acontecimento valorizado pelos quase quinhentos mil portugueses e lusodescendentes que vivem no país.

"Isto tem um valor simbólico muito grande. Isto fala por si mesmo, muito, da importância da língua portuguesa, da grande expansão que, juntamente com a língua espanhola, é a falada em toda a América Latina, além de ser falada por cerca de 350 milhões de pessoas em todos os cinco continentes da Terra", disse o embaixador de Portugal.

João Pedro Fins do Lago falava à Agência Lusa, à margem das celebrações, sublinhando que "é a primeira vez que Portugal, neste dia, celebra nesta casa", uma sessão que irá "ficar na memória de muitos".

"Aqui, na Venezuela, onde a comunidade portuguesa tem um peso demográfico, económico e cultural muito grande (...) comemorar a Língua portuguesa nesta casa que celebra o espanhol, é estar ombro a ombro com o povo venezuelano, com a comunidade portuguesa venezuelana e com o destino comum que estas duas línguas têm", disse.

Segundo o diplomata são "duas línguas irmãs que vêm de um berço comum, do latim ibérico e que hoje ocupam importantes geografias do mundo".

Nesse sentido, foi por isso que entregou "nas mãos do presidente da Academia de Língua da Venezuela, um dicionário da língua portuguesa" e um conjunto de obras de poesia e prosa em português, "com autores de toda a lusofonia, de Portugal, do Brasil, de Moçambique, de tantas partes onde a língua é falada" e ensinada, como é o caso da Venezuela.

No país, explicou, "há efetivamente um crescimento e quantitativo muito rápido do ensino do português na Venezuela".

"Eu cheguei há menos de um ano e havia pouco menos de 7500 alunos a aprender português e hoje há mais de 9500 alunos que já aprendem português", disse, confiando que, em breve, será possível "ultrapassar o número histórico dos 10.000".

"São alunos do ensino curricular e extracurricular, que aprendem português nas associações da comunidade portuguesa, mas houve também um salto qualitativo, o português deixou de estar restrito à comunidade portuguesa e passa a ser de interesse e passa a ser procurado pelos venezuelanos", disse.

Para o diplomata, trata-se de uma mudança "que mostra o valor económico que a língua portuguesa tem enquanto ferramenta que se dá aos jovens" no acesso a "outras portas".

Durante a sua intervenção o presidente da Academia de Língua da Venezuela, Horácio Biord Castillo evocou a expressão "a minha pátria é a língua portuguesa", do poeta português Fernando Pessoa.

"Uma pessoa pode ser despojada da sua nacionalidade, mas nunca do seu sotaque. Pode mudar-se para outro país e região onde se fala outra língua e dificilmente perderá a sua língua materna, mesmo que altere as características originais", disse.

Horácio Biord Castillo sublinhou que a academia une-se assim "com júbilo a esta celebração, que é também uma celebração patriótica para os venezuelanos" porque "o (idioma) português é, no mínimo, (...) uma pequena pátria na Venezuela, porque vive no coração e na pele" de uma grande comunidade.

Já o professor universitário Ricardo Tavares Lourenço mostrou-se emocionado por discursar em português: "representa a maior herança que recebi dos meus pais e, por sua vez, dos meus avós e de outros antepassados".

"O meu pai veio de Aveiro, a minha mãe de Coimbra, e legaram-me, sem querer, uma língua com muita história e outra visão do mundo nos seus alforges que complementou o meu espanhol venezuelano", disse.

Segundo Tavares, a língua "é uma autoestrada de informação que me permite estar a par do que se passa em lugares tão distantes e diferentes como São Paulo, Lisboa, Luanda ou Díli. É um tesouro que ao longo dos anos me esforcei por cultivar e que transmito com carinho aos meus alunos, colegas e amigos".

"Essa paixão é tal que tudo o que é dito e escrito em português me diz respeito, me chama, sinto que está comigo, representa as minhas raízes mais profundas, que me definem em todo o meu ser e no que faço", frisou.