Mundo

Bandeiras, trajes de gala e uniformes de guardas reais para ver passar o Rei

None

Pessoas vestidas dos pés à cabeça com a bandeira britânica, com uniformes de guardas reais ou como se fossem a um baile de gala, foi assim que muitas saíram hoje à rua para ver passar o Rei Carlos III.

A coroação do Rei e da rainha Consorte, Camila, foi a ocasião aproveitada por muitos britânicos para se vestirem a rigor e festejar nas ruas, enquanto a cerimónia solene decorria na Abadia de Westminster.

À passagem da carruagem real, no trajeto para a Abadia e no regresso, foram escutados aplausos e gritos de apoio. 

O ambiente só não foi mais efusivo porque à chuva incessante durante a manhã se juntou o cansaço de muitas horas de espera, a impaciência com espetadores que obstruism a visibilidade com chapéus-de-chuva e as longas filas para as raras casas de banho. 

Durante as duas horas de duração da cerimónia, grupos de olhos juntavam-se em redor de alguns telemóveis para seguir os procedimentos. 

Diferente, mas não muito, da memória que Pat Littlewood tem da coroação da Rainha Isabel II, em 1953. 

Então com oito anos, recorda-se também de assistir às imagens a preto e branco numa pequena televisão dividida por 12 pessoas numa garagem, num ajuntamento organizado à pressa por causa da chuva. 

Desta vez, esta secretária aposentada decidiu viajar sozinha de Colchester até Londres para ver com os próprios olhos a pompa e opulência do acontecimento. 

"Ao vivo é fantástico, temos o ambiente todo. Mas sinto que é mais sombrio do que no Jubileu. Nessa altura fui para perto do Palácio, mas desta vez não consegui chegar suficientemente cedo", contou à agência Lusa.  

Numa referência ao Urso Paddington que tomou chá com a Rainha Isabel II, também trouxe uma sanduíche de compota para o lanche. 

"Prefiro vir sozinha, não tenho de me preocupar com outras pessoas que queiram comer ou parar para descansar", explicou. 

Sobre o Rei, acha que mudou e está mais calmo, "graças a Camila", pelo que está convencida de que "vai ser um bom rei". 

À passagem da Carruagem Dourada, não evita emocionar-se, mas assim que esta sai de vista, guarda a máquina fotográfica e acena adeus. 

"Vou chegar a casa, tomar um banho quente e um chá. E ver a cerimónia na televisão", exclamou, aliviada. 

Cheet Patel, de Gloucestershire, não tem dúvidas de que "valeu a pena" aguentar a espera, a chuva e os lamentos das crianças. 

"Vimos passar o Rei, a rainha e os príncipes. E aquele aceno de mão do príncipe George foi a cereja em cima do bolo", afirmou. 

Quanto aos protestos contra a monarquia, compreende e tolera, mas garante que "há mais pessoas que gostam da monarquia do que não". 

O Rei Carlos III foi coroado na Abadia de Westminster, juntamente com a rainha Consorte, Camila, numa cerimónia religiosa de duas horas com cerca de 2.000 convidados.

O ritual incluiu a unção com um azeite consagrado e a entrega ao soberano de várias peças das joias da coroa que simbolizam a transmissão de poderes.

Do vários elementos, apenas o juramento é considerado obrigatório, embora Carlos tenha assumido funções imediatamente após a morte da mãe, Isabel II, em setembro de 2022, com plenos poderes para promulgar leis.

Além de chefe de Estado do Reino Unido e de outros 14 países da Commonwealth, o soberano é Comandante Supremo das Forças Armadas, "Defensor da Fé" enquanto líder da Igreja Anglicana e "Fonte da Justiça" britânica.

Após a cerimónia, o Rei e a rainha seguem em cortejo até ao Palácio de Buckingham numa carruagem puxada a cavalos e acompanhados por cerca de 6.000 soldados.

As celebrações do dia fecharam com a aparição do casal na varanda do Palácio juntamente com outros membros da família real para acenar às multidões e assistir ao sobrevoo de aviões militares.