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Exposição 'Resto é Paisagem' no Museu Henrique e Francisco Franco

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Decorreu ontem a abertura da exposição 'O Resto é Paisagem' de Ricardo Barbeito.

Esta exposição apoiada pela Câmara Municipal do Funchal terá um prolongamento com a Galeria Espaço Mar na Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco, com o objectivo de trabalhar com diferentes públicos e tornar as artes mais acessíveis aos cidadãos, em particular às crianças e jovens, através da comunidade educativa, promovendo a participação, fruição e criação cultural, numa lógica de inclusão e aprendizagem ao longo da vida. Esta colaboração reforça o compromisso cultural da Câmara Municipal do Funchal em desenvolver redes de colaboração e parcerias. 

A exposição assinala o centenário da escultura naturalista 'O Semeador' de Francisco Franco, executada em Paris em 1919 e constitui uma homenagem ao filantropo Augusto Vieira de Castro. Foi trazida para o Funchal, depois de ser fundida a bronze na capital francesa em 1923. 

Segundo Ricardo Barbeito, “hoje O Semeador completa cem anos e (…) faz parte da memória de todos nós, dos que se penduraram nos braços ou se agarraram às pernas, dos que lhe deram mãozadas ou tentaram trepar pelas costas e ombros acima, dos que escreveram promessas de amor eterno, a corretor branco, ou dos que se arrependeram, dos que tiveram de o limpar ou os que apenas gostavam de o contemplar", afirma.

O artista acrescenta. "O Semeador é uma figura robusta, séria e distante que olha o infinito. Está congelado num momento. O seu gesto solidificou no instante em que semeia, enquanto caminha"

Esta alegoria permite pensar o modo complexo e fascinante, através do qual nos conectamos com o mundo que nos rodeia. A prática de caminhar é sempre uma experiência estética, sensorial e perceptiva contínua e quando caminhamos, somos constantemente seduzidos por texturas, cores, formas, sons e cheiros Ricardo Barbeito, artista

Esta exposição reúne uma série de trabalhos inéditos, colocando em diálogo uma réplica em peluche d’O Semeador de Francisco Franco com algumas paisagens deslocadas de Henrique Franco, substituídas por telas do mesmo pelo. Esta continuidade entre corpo e paisagem, explorada a partir das telas e da escultura feitas do mesmo material permite-nos pensar no corpo e no território como duas entidades que se interconectam, e que são parte de um todo maior que está em constante interação e transformação mútua. Reconhecer a importância dessa relação pode-nos ajudar a viver de um modo mais consciente e harmonioso com o mundo. 

O apoio da Câmara Municipal à realização desta exposição deste artista madeirense em diálogo com a escola e com a obra de Francisco Franco é uma forma de estimular a criação individual, nas suas múltiplas formas e expressões, promovendo a valorização do património cultural, tornando-o elemento vivificador da identidade cultural comum. 

Mais sobre o artista:

O madeirense Ricardo Barbeito é licenciado em Artes Plásticas pela Universidade da Madeira e possui um mestrado em Arte e Património: no contemporâneo e actual. Para além das suas actividades de ensino e formação, desenvolve o seu trabalho artístico entre o desenho e a instalação, aprofundado a ligação que existe entre a memória, o quotidiano, a arte e a identidade. Apresenta o seu trabalho artístico regularmente, em colectivo e a título individual, desde 2004. No ano passado, realizou a residência artística do Plano Nacional das Artes no Agrupamento de Escolas Henrique Nogueira em Torres Vedras.