Líderes de 47 países europeus na Moldova para enviar "importante mensagem" à Rússia
Os líderes de 47 países europeus reúnem-se na quinta-feira na Moldova para enviar uma "importante mensagem" à Rússia de cooperação na segunda cimeira da Comunidade Política Europeia, focada na segurança do bloco e nas interconexões energéticas.
"Uma das maiores mensagens [desta cimeira] diz respeito ao local onde esta reunião vai ocorrer, na Moldova. Visto de um ângulo geopolítico, por Moscovo [regime russo], ter 47 países incluindo da União Europeia a reunirem-se na vizinhança imediata [da Rússia] é uma importante mensagem, mesmo que esta se trate de uma cooperação suave", afirmaram fontes europeias, na antevisão deste encontro.
Da agenda da segunda cimeira da Comunidade Política Europeia, após uma primeira realizada em Praga em outubro passado, constam discussões sobre questões de paz e de segurança devido à guerra da Ucrânia, interconexões na Europa e resiliência energética face a fornecedores como russos, embora "uma grande parte [do encontro] seja dedicada a debates bilaterais e trilaterais", assinalaram as mesmas fontes.
Uma dessas reuniões à margem da cimeira acontece entre o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o Presidente francês, Emmanuel Macron, com os responsáveis da Arménia e do Azerbaijão, dadas as tensões na fronteira entre os dois países, num conflito que dura há mais de 30 anos.
"A primeira cimeira foi um sucesso e acreditamos que esta também será", adiantaram as fontes comunitárias.
Neste encontro, o maior evento político organizado pela Moldova, não está previsto um debate sobre o alargamento da União Europeia (UE), embora este seja um país candidato ao bloco comunitário desde junho de 2022 e os cidadãos moldovos tenham vindo a demonstrar nas ruas apoio popular à integração europeia.
O país classifica esta cimeira como o "testemunho de uma unidade crescente no continente", de acordo com a Presidente moldava, Maia Sandu.
"A Europa reúne-se a cerca de 20 quilómetros da fronteira ucraniana e o evento é uma reafirmação resoluta da nossa inabalável dedicação à paz, uma forte condenação da invasão russa, uma solidariedade contínua com a Ucrânia e uma demonstração de apoio à Moldova", adiantou Maia Sandu.
A segunda cimeira da Comunidade Política Europeia reunirá dirigentes de todo o continente europeu no Castelo Mimi, a 35 quilómetros da capital da Moldova, Chisinau, e começa na quinta-feira pelas 10:30 (hora local, menos duas em Lisboa).
Além dos 27 Estados-membros da União Europeia, participam nesta cimeira os seis países dos Balcãs Ocidentais (Albânia, Macedónia do Norte, Kosovo, Sérvia, Bósnia e Herzegovina e Montenegro), os países do trio que pediu recentemente a adesão à UE (Geórgia, Moldávia, Ucrânia), os quatro países da Associação Europeia do Comércio Livre (Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein), o Reino Unido, a Turquia, a Arménia, o Azerbaijão, Andorra, o Mónaco e a Macedónia do Norte.
Portugal está representado na ocasião pelo chefe de Governo, António Costa.
Além disso, participam o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola.
Criada em 2022 com base na visão do Presidente francês, Emmanuel Macron, divulgada num discurso no Dia da Europa em maio do ano passado, a Comunidade Política Europeia é uma plataforma de diálogo político e cooperação para questões de interesse comum e reforço da segurança, da estabilidade e da prosperidade do continente europeu, não substituindo contudo qualquer organização, estrutura ou processo existente.
Na altura, Emmanuel Macron defendeu uma "nova organização europeia [que] permitirá às nações europeias, democráticas, alinhadas com os valores [comunitários], encontrar um novo espaço de cooperação política, de segurança".
Na primeira reunião da Comunidade Política Europeia, em outubro passado, dirigentes de 44 países europeus debateram questões de paz e segurança, em especial a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, e a crise energética.
A Moldova acolhe esta segunda cimeira, que é também a primeira organizada por um país não pertencente à UE.
As próximas reuniões da Comunidade Política Europeia terão lugar em Espanha e no Reino Unido dada a base rotativa, com o anfitrião a alternar semestralmente entre um Estado-membro da UE e um país terceiro.