Indicadores de disparidade
A confiança dos consumidores e as expectativas dos empresários não são coincidentes em Portugal
Boa noite!
Mesmo que a percepção pública seja outra, a confiança dos consumidores aumentou, em Maio, graças a expectativas mais positivas quanto à situação económica do País e à situação financeira do agregado familiar.
Os dados foram revelados hoje pelo INE, a mesma entidade que recentemente mostrou que Portugal é um país assimétrico, de salários baixos e de desigualdades, onde trabalhar para o sector público compensa mais do que para o sector privado já que um licenciado que ganhe 865 euros numa empresa, se trabalhar na função pública ganha mais 593 euros, uma diferença de quase 41%.
Por isso, pode parecer paradoxal haver um acréscimo de optimismo neste País em que metade do salário médio é para comida e transportes e outra tanta, se der, serve para pagar outros gastos. Não admira que hoje tenha começado a ser pago o apoio às rendas para habitação própria e permanente. Ou seja, o dinheiro escasseia por muito que haja o saudável intuito de mitigar os impactos da inflação.
Nesta cruzada feita de ajudas públicas e poupanças privadas, louva-se a decisão política de disciplinar abusos da banca que se especializou em cobrar comissões por tudo e por nada, desde o processamento das prestações de crédito às fotocópias, dos depósitos às titularidades das contas.
Tomara que outras disparidades evidentes em vários sectores de actividade sejam resolvidas antes que a asfixia financeira atinja proporções bem mais severas, mesmo que o indicador de confiança dos consumidores não corresponda às expectativas dos empresários, os mesmo que decidem salários, progressões, prémios e afins.