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"Obrigação da venda não fazia parte do plano de reestruturação"

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O ex-secretário de Estado do Tesouro Miguel Cruz assegurou hoje que a "obrigação da venda da TAP não fazia parte do plano de reestruturação", reiterando que sem a intervenção do Estado não haveria atualmente companhia aérea.

Na audição que decorre esta tarde na comissão parlamentar de inquérito à TAP, Miguel Cruz foi questionado pelo deputado do PSD Paulo Moniz sobre se o plano de reestruturação aprovado por Bruxelas em dezembro de 2021 inclui a exigência a venda da companhia aérea.

"A obrigação da venda da TAP não fazia parte do plano de reestruturação", respondeu o ex-governante.

No entanto, segundo Miguel Cruz, sempre houve muita clareza de que se via com "muita dificuldade", tendo em conta o mercado, a posição "da generalidade das companhias sem exercícios de consolidação".

Questionado sobre o plano de reestruturação e os cortes que este impôs, o antigo secretário de Estado assegurou que "ninguém tomou estas decisões" com qualquer nível de satisfação, recordando que, devido à pandemia, a "TAP estava parada, com um consumo de tesouraria enorme" e sem qualquer perspetiva para retomar a atividade.

Miguel Cruz disse que era preciso criar condições para que "a TAP sobrevivesse" e "foi isso que foi feito".

Segundo o ex-governante, a estratégia da intervenção tinha subjacente a sobrevivência da companhia aérea e as condições para no futuro voltar a contratar, recordando que as estimativas eram de uma "recuperação mais lenta".

"Se não tivéssemos intervindo como interviemos na altura, não tínhamos TAP para estar aqui a discutir", defendeu.

A semana passada, na audição na mesma comissão de inquérito, o ex-administrador financeiro da TAP João Gameiro disse acreditar que a privatização da companhia aérea estava subjacente à aprovação da reestruturação pela Comissão Europeia, embora não se recorde que esteja mencionado no plano ou na comunicação com Bruxelas.

"Eu acho que a reorganização da TAP passaria pela sua privatização, creio que estava subjacente ao processo de aprovação da reorganização da TAP", respondeu então João Gameiro ao deputado do BE Pedro Filipe Soares.

O bloquista tinha questionado sobre as negociações do plano de reestruturação da TAP com a Comissão Europeia, que o viria a aprovar em dezembro de 2021, e sobre a intenção de privatização novamente da empresa.