Lula da Silva ataca-me para branquear violações de direitos humanos na Venezuela, diz Guaidó
O líder da oposição na Venezuela, Juan Guaidó, disse hoje que o Presidente do Brasil está a atacá-lo para "branquear" o registo do chefe de Estado venezuelano, Nicolás Maduro, de violações de direitos humanos.
"As atitudes negacionistas de chefes de Estado são um aval para que indivíduos como Maduro continuem a atuar com impunidade", escreveu Guaidó no Twitter, segundo a EFE, referindo-se às declarações de Lula da Silva, segundo as quais é "um absurdo" que países democráticos na Europa e na América não reconheçam a legitimidade do resultado eleitoral de 2019, vencido por Maduro.
"Lula ataca-me para evitar o que é evidente; ele branqueia e apoiam a quem está sinalizado por torturar a oposição, por terrorismo e narcotráfico e por criar a maior crise de deslocados no continente", escreveu Guaidó, que foi reconhecido como Presidente da Venezuela por mais 50 países, mas está refugiado nos Estados Unidos.
O Presidente brasileiro reconheceu hoje o seu homólogo, Nicolás Maduro, como legítimo representante da Venezuela e defendeu que sejam os cidadãos venezuelanos a escolher os seus governantes numa "votação livre".
Lula da Silva referiu-se às eleições venezuelanas depois de criticar os países europeus e os Estados Unidos, que reconheceram em 2019 o opositor Juan Guaidó como Presidente da Venezuela, convidando Maduro a construir uma "narrativa" para se opor às críticas internacionais.
"Está no seu poder a Venezuela fazer a sua própria narrativa e voltar a ser um país soberano, onde apenas o seu povo, por meio de um voto livre, diga quem deve governar. E então nossos adversários vão ter que se desculpar pelo estrago que eles fizeram", disse Lula da Silva, numa declaração em Brasília ao lado do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
A nação caribenha deverá realizar eleições presidenciais em 2024.
Numa conferência de imprensa na sede do Governo brasileiro, Lula da Silva também se declarou favorável à possibilidade de a Venezuela ingressar no fórum do BRICS, do qual o Brasil faz parte juntamente com a Rússia, Índia, China e África do Sul.
No entanto, o líder brasileiro destacou que cabe a todos os países do bloco discutir a possibilidade de incorporar novos membros.
O encontro entre Maduro e Lula da Silva aconteceu na véspera da cimeira que será realizada em Brasília nesta terça-feira, para a qual foram convidados os presidentes dos 12 países sul-americanos.
Estão convidados para a cimeira a Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
A única ausente será a Presidente peruana, Dina Boluarte, que será representada pelo presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, segundo o Governo brasileiro.