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PS - o único responsável

Olhando à história política passada, até 2015, todos os líderes dos partidos que venceram as eleições legislativas governaram o país

Com as eleições regionais na Madeira já à porta um dos temas que mais estará na ordem do dia, infelizmente, será sobre a possibilidade de coligação do PPD/PSD com o Chega ou um possível acordo parlamentar.

Desde que Luís Montenegro foi eleito Presidente do Partido Social Democrata que a questão sobre um hipotético entendimento com o Chega tem sido uma praxe em todas as suas entrevistas, embora a sua posição seja a mais cristalina e explícita desde o Congresso Nacional em que tomou posse.

Para podermos entender este fenómeno de haver a possibilidade de um partido extremista de direita ter uma potencial capacidade de influenciar a governação é importante recuarmos a 2015 e, efetivamente, compreender quem tornou todo este cenário possível e até exequível.

Nas eleições legislativas em 2015, a coligação “Portugal à Frente” liderada pelo PSD e pelo CDS, venceu as eleições derrotando o Partido Socialista de António Costa. É certo que essa vitória não tinha uma maioria absoluta, ou seja, não havia sustento parlamentar dos eleitos para a Assembleia da República que fossem suficientes para suportar o Governo.

Ora, olhando à história política passada, até 2015, todos os líderes dos Partidos que venceram as eleições legislativas governaram o país, ainda que sem maioria absoluta. E por sinal, na história da democracia portuguesa apenas o PSD apresentou o sentido de Estado exigido a qualquer partido responsável e sério, e na sua posição de derrotado, sustentou governos minoritários do Partido Socialista em variadíssimos momentos políticos do país.

Em 2015, esperava-se que o PS tivesse esse mesmo sentido de Estado e que fornecesse as condições necessárias para que quem ganhou as eleições tivesse a oportunidade de exercer as funções para as quais foram mandatados pelo povo português.

Acontece que isso não sucedeu. O Partido Socialista e o Dr. António Costa, apesar de perderem categoricamente as eleições, decidiram acantonar-se nos partidos de extrema-esquerda e fazer algo inédito na vida política. Permitiram que o PCP e o BE influenciassem, interferissem, controlassem e interviessem na governação da República Portuguesa.

Portanto, quando nós hoje nos vemos confrontados com a possibilidade de um partido de extrema-direita influenciar, interferir, controlar e intervir na governação do país é porque em 2015 essa possibilidade foi aberta, pelo PS e pelo Dr. António Costa, para os partidos de extrema-esquerda.

A responsabilidade é mesmo do Partido Socialista e do Dr. António Costa.

É inacreditável que os sábios esquerdistas que hoje enchem a boca a exigir que o PSD se demarque do Chega, embora já o tenha feito inúmeras vezes, são os mesmos que em 2015 permitiram e apoiaram veementemente que o PCP e o BE tivessem a oportunidade de comandar os destinos do país. E apesar dessa exigência que fazem ao PSD, eles próprios assumem que se um dia precisarem, voltarão a contar com os partidos de extrema-esquerda para se perpetuarem no poder.