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Mais de três milhões de emigrantes turcos inscritos para votar, incluindo em Portugal

Foto EPA/TOLGA BOZOGLU
Foto EPA/TOLGA BOZOGLU

Mais de três milhões de turcos que vivem fora do seu país, incluindo em Portugal, podem votar nas legislativas e presidenciais de 14 de maio, escrutínio que se antevê renhido e no qual a diáspora poderá ser decisiva.

Em Portugal, e pela primeira vez, a comunidade turca, cerca de 1.500 eleitores inscritos, vai poder votar nos próximos sábado e domingo entre as 09:00 e as 21:00 na Embaixada da Turquia em Lisboa, de acordo com uma nota informativa dos serviços da representação diplomática.

Na nota, é assinalado que devido ao crescente número de cidadãos turcos em Portugal, "esta será a primeira vez que a comunidade turca terá a oportunidade de votar na Embaixada em Lisboa, o que será um momento importante para esta representação diplomática".

Os turcos que vivem fora do país e com direito de voto, atualmente calculados em perto de 3,4 milhões, 5% do eleitorado total, conseguiram garantir o direito de voto apenas a partir de 2012.

Assim, os cidadãos turcos no exterior exerceram pela primeira vez o seu direito nas eleições presidenciais de 2014, quando Recep Tayyip Erdogan assumiu a chefia do Estado.

Antes, os cidadãos turcos que residiam no estrangeiro apenas podiam votar em diversos postos fronteiriços.

Diversos analistas consideram que o voto dos emigrantes turcos pode ser crucial no resultado final das presidenciais, num momento em se perspetiva um aceso combate entre Erdogan e o candidato da oposição unificada, Kemal Kiliçdaroglu.

As sondagens mostram que os dois homens estão lado a lado, mas estas projeções não contemplam as possíveis intenções de voto dos eleitores turcos no exterior, em particular na Europa e sobretudo na Alemanha, onde se concentram quase 50% dos emigrantes turcos.

As suas preferências eleitorais poderão revelar-se decisivas para os dois principais candidatos, caso pretendam garantir um apoio de mais de 50% na primeira volta, que permitiria evitar uma segunda votação no final de maio.

Os críticos do direito de voto exercido fora do país argumentam que os migrantes turcos que vivem no Ocidente usufruem de um melhor nível de vida, não são afetados pela política interna turca e beneficiam da taxa de câmbio em relação à lira turca, segundo informações citadas no site da Euronews.

Os anteriores resultados eleitorais demonstram que cada país possui um perfil de voto distinto.

Na Alemanha, a maioria dos cidadãos turcos apoia o atual Presidente Recep Tayyip Erdogan, mas os que vivem no Reino Unido votam no pró-curdo e de esquerda HDP ou no CHP, principal força da oposição.

Uma opção que, segundo analistas, pode ser explicada pela política de integração de cada país.

A Alemanha, onde vive a maioria dos migrantes turcos, não permite dupla cidadania. Os que decidem manter a sua identificação turca e não a alemã, tendem a ser mais patrióticos ou a manterem uma forte identidade religiosa. Desta forma, não surpreende que estes eleitores favoreçam Erdogan em detrimento dos dois principais partidos da oposição.

Outro fator pode residir no motivo pelo qual estão a viver no estrangeiro. Uma parte muito significativa dos turcos que vivem em países como o Reino Unido, Suíça, Suécia ou Estados Unidos são refugiados que têm poucas afinidades com o Governo na Turquia, situação que pode explicar as diversas tendências de voto nos diferentes países.