Mar azul
De Espanha “nem bom vento, nem bom casamento”, diz o povo. É histórica a alusão às uniões conjugais malsucedidas entre as coroas que chegavam a pôr em causa a independência nacional e às características meteorológicas menos agradáveis vindas do país vizinho.
Mas a referência de hoje é para desdizer o aforismo no que concerne ao estado do tempo. Chegou-nos ventania neste fim de semana de eleições regionais e municipais espanholas. Mas o vento soprou diferente, mais aprazível e temperado.
O PP venceu-as provocando no partido do Primeiro-Ministro, Pedro Sanchez, crise inesperada e de vulto. Ganhou-as em 8 das 12 regiões autónomas que foram a votos (são 17), deixando os socialistas, que antes governavam 9, só com 4. Das restantes 5, 2 foram antecipadas (com vitória azul) e 3 têm calendário próprio.
Os resultados globais apontam para 31% (antes 23%9) para o PP e 28% (antes 29%) para o PSOE. Os populares dominam 3 das 4 maiores cidades, com maioria absoluta em Madrid e conquistaram Sevilha e Valência à esquerda. Barcelona, também muda, mas para os independentistas de direita do JxCat (Juntos pela Catalunha).
O novo líder do PP, Alberto Feijóo, ao lado de Isabel Ayuso que obtém votação inequívoca na comunidade autónoma de Madrid e de José Luís Almeida que reconquista a autarquia da capital espanhola, anuncia que os objectivos alcançados são o primeiro passo para as nacionais que seguem em outubro.
Precipitou-se, já que Pedro Sanchez, ontem, face à pesada derrota, surpreendeu e solicitou ao rei a antecipação de eleições. Concedida a pretensão, vão acontecer já a 23 de julho. Novos ventos soprarão de Espanha no início do Verão. Amenos e moderados, para contrariar o adágio popular, e mar azul.