Lula da Silva reconhece Maduro e defende eleições livres na Venezuela
O Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, reconheceu hoje o seu homólogo, Nicolás Maduro, como legítimo representante da Venezuela e defendeu que sejam os cidadãos venezuelanos a escolher os seus governantes numa "votação livre".
Lula da Silva referiu-se às eleições venezuelanas depois de criticar os países europeus e os Estados Unidos, que reconheceram em 2019 o opositor Juan Guaidó como Presidente da Venezuela, convidando Maduro a construir uma "narrativa" para se opor às críticas internacionais.
"Está no seu poder a Venezuela fazer a sua própria narrativa e voltar a ser um país soberano, onde apenas o seu povo, por meio de um voto livre, diga quem deve governar. E então nossos adversários vão ter que se desculpar pelo estrago que eles fizeram", disse Lula da Silva, numa declaração em Brasília ao lado do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
A nação caribenha deverá realizar eleições presidenciais em 2024.
Numa conferência de imprensa na sede do Governo brasileiro, Lula da Silva também se declarou favorável à possibilidade de a Venezuela ingressar no fórum do BRICS, do qual o Brasil faz parte juntamente com a Rússia, Índia, China e África do Sul.
No entanto, o líder brasileiro destacou que cabe a todos os países do bloco discutir a possibilidade de incorporar novos membros.
O encontro entre Maduro e Lula da Silva aconteceu na véspera da cimeira que será realizada em Brasília nesta terça-feira, para a qual foram convidados os presidentes dos 12 países sul-americanos.
O objetivo desta cúpula, que será realizada quase inteiramente à porta fechada, é retomar o diálogo e analisar a possibilidade de a região voltar a ter um fórum de integração "puramente sul-americano" e "permanente, inclusivo e moderno".
Segundo Lula da Silva, na América do Sul, "nenhum país em 500 anos de história conseguiu tornar-se um país de alto rendimento" e todos "sempre lidaram com a pobreza."
"Nenhum país sul-americano conseguirá resolver sozinho esta situação [da pobreza]", disse o governante brasileiro, que convidou os chefes de Estado dos outros 11 países sul-americanos para uma reunião em que pretende começar a debater políticas de integração capazes de elevar o desenvolvimento social e económico na região.
Lula da Silva defendeu que os países da América do Sul formem um bloco para "negociar com mais poder, mais força e mais possibilidade de vencer" perante outras nações e blocos comerciais.
Estão convidados para a cimeira a Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela.
A única ausente será a Presidente peruana, Dina Boluarte, que será representada pelo presidente do Conselho de Ministros, Alberto Otárola, segundo o Governo brasileiro.