O cientista madeirense Clévio Nóbrega afirmou, hoje, que a inteligência artificial (IA) vai permitir grandes avanços na área biomédica. O investigador principal na área das neurociências moleculares e da terapia genética da Universidade do Algarve, reconhece, no entanto que tem de haver regulação da IA.

“A inteligência artificial já é utilizada no campo da medicina (…) Claro que pode ser usada para fins menos bons, mas, no campo da biomedicina, vai fazer avançar mais depressa o processo, sobretudo no desenvolvimento de novos fármacos”, afirmou o cientista que esteve, esta manhã, em conversa com José Manuel Rodrigues, no âmbito do projeto ‘Madeira – Novos Talentos + Futuro’, uma iniciativa do JM e da Assembleia Legislativa da Madeira.

“Toda a gente está interessada no cancro e na doença de Alzheimer, mas há pouca gente interessada nas doenças raras”, afirmou. O investigador, natural de Gaula, referiu que a União Europeia, onde existem 36 milhões de doentes com doenças raras, tem dado “um apoio muito grande” para os cientistas se dedicarem ao estudo destas patologias e entende que este devia ser um caminho a seguir pela Região Autónoma da Madeira. “Em setembro estive na Região e tive a oportunidade de falar com Pedro Ramos, secretário regional de Saúde, e fiz questão de dizer que a Madeira também devia apostar muito na investigação em doenças raras porque também é afetada”, considerou.

Clévio Nóbrega está confiante de que entre 5 a 10 anos vão surgir tratamentos eficazes para as doenças de Parkinson e Alzheimer.

“As doenças de Alzheimer e Parkinson são um fardo gigante, porque toda a gente conhece alguém ou já ouviu falar de alguém que já teve alguma destas doenças. Nesse campo, e porque já não são doenças nada raras, a investigação é gigante”, notou.

O investigador lembra que há milhões de cientistas por todo o mundo a trabalhar nessas áreas e, por isso, considera, tendo em conta aquilo que tem lido em revistas científicas, que “nos próximos cinco a 10 anos vamos ter tratamentos eficazes para estas duas doenças, sobretudo para o Alzheimer”.

Clévio Nóbrega foi hoje distinguido no projeto ‘Madeira – Novos Talentos + Futuro’, que reúne o JM e a Assembleia Legislativa da Madeira, numa parceria que visa destacar, promover e partilhar com a população o talento dos jovens madeirenses, nas mais diversas áreas.

Há mais de duas décadas na área da investigação, Clévio Nóbrega, natural da freguesia de Gaula, em Santa Cruz, quer deixar a sua marca. E para lá caminha. Em 2017, foi premiado pela Sociedade Europeia de Neuroquímica como melhor cientista jovem europeu e, um dia, sonha poder dizer que encontrou a cura para doenças raras como as síndromes de Cockayne e a Machado-Joseph, duas patologias que têm sido o foco do seu estudo.