Grupo VITA recebeu 16 pedidos de ajuda na primeira semana de funcionamento
A linha telefónica criada pelo Grupo VITA para o acompanhamento das vítimas de abusos sexuais na Igreja recebeu 16 pedidos de ajuda na primeira semana de funcionamento, segundo dados hoje divulgados.
"De todos os contactos efetuados, apuraram-se 16 situações que estão já em fase de agendamento para atendimento presencial ou online, com vista à recolha de informação adicional e posterior encaminhamento e sinalização para as autoridades judiciais e autoridades canónicas", refere em comunicado o Grupo VITA, coordenado pela psicóloga Rita Agulhas.
O Grupo VITA abriu no dia 22 de maio a linha de atendimento telefónico (91 509 0000) para a sinalização de situações de violência sexual no contexto da Igreja, tendo recebido "uma média aproximada de três situações por dia".
"Entendemos o contacto por parte de todas estas pessoas como um sinal claro de confiança em toda a equipa, independente e constituída apenas por especialistas na área da violência sexual. Reconhecemos a dificuldade e a exigência que esta iniciativa representa para cada vítima e sentimo-nos gratos pela confiança que depositaram em nós", sublinha.
O grupo VITA salienta que não tem forma de contactar as pessoas que já anteriormente partilharam as suas vivências, apelando, por isso, para que os contactem para que as possam "ajudar da melhor forma".
A abertura da linha de atendimento telefónico coincide também com a apresentação do 'site' do grupo (www.grupovita.pt). O objetivo é, a curto prazo, ser um canal alternativo para a sinalização de situações de violência sexual, e disponibilizar informação sobre o tema, pretendendo assumir-se como um banco de recursos público e disponível para a comunidade em geral.
Novos balanços do funcionamento do Grupo VITA serão "feitos oportunamente", estando já marcada a apresentação do primeiro relatório de atividades para o dia 12 de dezembro de 2023.
O Grupo VITA foi criado em abril de 2023, no âmbito da Conferência Episcopal Portuguesa, mas é um grupo que se assume isento, autónomo e independente, que visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica em Portugal, numa lógica de intervenção sistémica.
Além de Rute Agulhas, o grupo é composto por Alexandra Anciães (psicóloga com experiência de avaliação e intervenção com vítimas adultas), Joana Alexandre (psicóloga, docente universitária e investigadora na área da prevenção dos abusos sexuais), Jorge Neo Costa (assistente social, intervenção com crianças e jovens em perigo), Márcia Mota (psiquiatra, especialista em Sexologia Clínica e intervenção com vítimas e agressores sexuais) e Ricardo Barroso (psicólogo, docente e especialista em intervenção com agressores sexuais).
Há ainda um grupo consultivo, com a participação do padre João Vergamota (especialista em Direito Canónico), Helena Carvalho (docente universitária especialista em análise estatística) e o advogado David Ramalho.
O Grupo VITA surgiu na sequência do trabalho da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica, liderada pelo pedopsiquiatra Pedro Strecht, que, ao longo de quase um ano, validou 512 testemunhos de casos ocorridos entre 1950 e 2022, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de 4.815 vítimas.