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Nancy Pelosi avisa para "armagedão económico" e recuo da liberdade na América

Foto EPA/WILL OLIVER
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A ex-líder dos Democratas da Câmara dos Representantes Nancy Pelosi avisou ontem para um "armagedão económico" que pode devastar o mundo se os EUA entrarem em incumprimento no início do junho, acusando os Republicanos de "fabricarem" a crise iminente.

"Extremistas Republicanos empurraram a América para a vertigem de um incumprimento sem precedentes", afirmou Nancy Pelosi, durante a convenção do Partido Democrata da Califórnia, em Los Angeles.

"Tal incumprimento desencadeará um armagedão económico, matando empregos, limpando poupanças e mergulhando a economia na recessão", alertou, considerando esta crise financeira "desnecessária".

Se a administração de Joe Biden e o líder da maioria Republicana na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, não chegarem a um acordo para o levantamento do teto da dívida, os Estados Unidos vão ficar sem dinheiro por volta de 05 de junho e entrar em incumprimento.

McCarthy pretende cortes da despesa que afetariam os veteranos do exército, ajudas ao pagamento de rendas e auxílio alimentar para famílias pobres.

Nancy Pelosi caracterizou as exigências como "uma extorsão da classe média" para financiar novos cortes de impostos "aos ricos e bem conectados".

Homenageada nesta convenção dos Democratas na Califórnia, Pelosi também alertou para o recuo da liberdade nos Estados Unidos, que disse ser algo sem precedentes na sua história.

"O estrago que os Republicanos fizeram em vários estados é visível", acusou Pelosi, destacando a eliminação do direito ao aborto e restrições crescentes no acesso a cuidados de saúde. "Se eles vencerem em 2024, vão trazer esta agenda desastrosa a todo o país", avisou.

"A fasquia não podia estar mais elevada", continuou, apelando para a organização dos Democratas no terreno para retomarem o controlo da Câmara dos Representantes em 2024.

"A Califórnia pode mostrar à nação como isto se faz", disse, referindo-se ao estado mais populoso do país, governado por Democratas desde 2011 e que não é conquistado por um candidato presidencial Republicano desde 1988. "Temos de preservar a promessa da democracia para as próximas gerações".

Sob o mote "Não agonizem, organizem-se", um dos aforismos favoritos de Pelosi, a convenção estadual decorre até domingo e serve de lançamento da estratégia dos Democratas para 2024.

A 'mayor' de Los Angeles, Karen Bass, caracterizou as eleições do próximo ano como uma escolha entre o "partido da democracia" e o "partido do autoritarismo", referindo-se aos Republicanos.

"Estamos numa luta para salvar o nosso país de um partido que cedeu ao autoritarismo e intolerância e organiza as pessoas com base no medo e suspeita", acusou Bass.

"A Califórnia lidera essa luta", afirmou. "O medo deles é que o resto do país se venha a parecer com a diversidade da Califórnia", continuou.

Essa diversidade é visível nos delegados e convidados da convenção, com pessoas de várias etnias, religiões e idades.

Os vários responsáveis Democratas que passaram pelo palco na sessão geral de hoje destacaram que a luta do partido passa pelos direitos reprodutivos, defesa da comunidade LGBTQ+ e minorias e sindicalização.

Na abertura, o hino nacional dos Estados Unidos foi cantado pelo Trans Chorus of Los Angeles, o primeiro grupo coral totalmente composto por transexuais e que foi formado em 2015.

O principal dia da convenção, que contou com uma oração inicial do padre Gregory Boyle, abriu ainda com uma atuação dos Freedom Singers, uma banda nascida em Skid Row. Trata-se de um bairro na baixa de Los Angeles que alberga uma das maiores populações permanentes de pessoas sem-abrigo do país, oscilando entre 9.000. e 15.000.