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A República das Bananas!

Esta frase, e o seu criador, são como duas faces da mesma moeda.

William Porter foi um ex-condenado no Texas, por fraude financeira. Acabou por morrer só, pobre e alcoólico nas ruas de Nova York em 1910. Entre estes os dois acontecimentos, conseguiu ser um dos maiores, e mais aclamados, humoristas americanos.

A frase, quando aplicada a um país, é indiscutivelmente depreciativa.

Traduz, creio, despotismo político, instabilidade político/militar. Submissão ao exterior e desprestígio internacional. Uma oligarquia económica controla a política. Subdesenvolvido, com classes estratificadas, um povo inculto. Sem liberdade religiosa. Há uma justiça e comunicação social submissas.

Parece caricato, mas após assistir em direto, e sem censura, às audições parlamentares relativas à TAP, e toda a polémica à volta da mesma, inconscientemente uma dúvida existencial percorreu o meu corpo. E uma pergunta tomou forma:

“Portugal é uma República das Bananas?”

A resposta é tão difícil quanto díspar. Vejamos então os critérios que eu, arbitrariamente, escolhi. A maioria deles são baseados em comparações internacionais, com um certo grau de uniformidade, mas necessariamente também de “Bias”.

Democracia: o "Índice de Democracia” do “The Economist” examina o estado da democracia em 167 países. Coloca Portugal em lugar 28, a meio do ranking europeu, curiosamente acima dos EUA.

Paz: o "Índice de Paz” do mesmo The Economist, coloca Portugal na liderança da Europa, em número 4 mundial, sem inimigos.

Prestígio: este é um critério muito subjetivo e não há nenhum Índice. E, por vontade própria, abdicamos da soberania nacional para passar a ter uma voz na Europa. E quanto vale ter um passaporte português para percorrer o mundo? Na verdade, estamos entre os 15 mais valorizados.

Corrupção: o Índice de Corrupção - CPI, coloca-nos em 33º de 180 países, curiosamente melhor que os outros países do Sul da Europa, mas abaixo da generalidade da Europa central e Escandinávia.

Desenvolvimento: o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU coloca-nos em lugar 38, na cauda da Europa, mas bem dentro no mundo mais desenvolvido.

Literacia: o Índice de Literacia coloca-nos na cauda da Europa, ao nível dos melhores países em vias de desenvolvimento, como a China.

Liberdade: o Índice de Liberdade de Imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras coloca-nos na 14ª posição mundial e o Índice de Liberdade Religiosa, Wharton, Pensilvania University, em 18º mundial.

Esta análise obviamente vale o que vale, mas levou-se a uma conclusão sólida: qualquer resposta depende de qual é a nossa expectativa como povo e o quanto valorizamos cada fator individualmente. Seja a riqueza, a liberdade ou a transparência. E vale a pena o projeto Portugal? Segundo o nosso grande epopeu, “Tudo vale a pena, Se a alma não é pequena.”