"Não estamos condenados ao vexame que a maioria absoluta impõe", diz Mortágua
A candidata à liderança do BE Mariana Mortágua defendeu hoje que "levar o país a sério" é dizer aos portugueses que não estão condenados "ao vexame" que "a maioria absoluta impõe", considerando que "o pântano supera-se com democracia".
"Levar o país a sério é dizer ao povo que não estamos condenados à degradação e ao vexame que a maioria absoluta impõe a Portugal", disse Mariana Mortágua na primeira intervenção que fez na XIII Convenção Nacional do BE, na qual apresentou a sua moção à liderança e que terminou com um aplauso de pé.
Para a bloquista "não há atalhos" e o "ódio combate-se com esperança", assim como o ressentimento se cura "com respeito".
"O pântano supera-se com democracia e não com uma chantagem ridícula que acusa de populista qualquer voz crítica do PS ou do Governo", apelou.
Na opinião de Mariana Mortágua, "o dever da esquerda é recuperar forças, unir as vontades sociais que não desistem de lutar por uma vida boa".
"O dever da esquerda é ser unitária e combativa, é falar claro e é mobilizar o povo", enfatizou.
Apesar de antever os riscos da maioria absoluta, a candidata à liderança do BE assumiu que não antecipava "a que ponto chegaria a maldição que é o poder absoluto".
Para lá dos "repetidos tiros no pé" do Governo, Mariana Mortágua sublinhou que "este espetáculo horroroso é o desfecho de uma sucessão ininterrupta de irresponsabilidades", a primeira das quais "a crise política para bloquear um orçamento com mudanças sensatas, preferindo aceitar a degradação do SNS".
O "festival de facilidades" é a segunda irresponsabilidade apontada pela bloquista, criticando um "Governo que cobra ao salário os impostos que perdoa às elites económicas".
"Contra a irresponsabilidade, quero dizer-vos que o Bloco vai disputar a verdade dos impostos para proteger o povo. Venham o governo e os liberais e a direita defender os seus privilégios fiscais, que terão pela frente uma esquerda intransigente", prometeu.
Voltando às irresponsabilidades, Mariana Mortágua elencou "a resposta à inflação" e, ainda, uma quarta que "é tratar como estúpidas as pessoas que estão a ser empobrecidas".
"Professores, médicas, enfermeiros, oficiais de justiça, trabalhadoras da cultura e tantos e tantas outras sabem que o anúncio da prosperidade é um anzol. O governo mentiu mesmo aos pensionistas, dizendo-lhes que se não abdicassem do valor real da pensão o sistema perderia 13 anos de vida", criticou.
No início da intervenção, a bloquista alertou para a "necropolítica" como a "nova política velha deste mundo".
"Face à extrema-direita que vem conquistando posições por toda a Europa, a política do centro são palavras vazias que só alimentam ressentimento e medo", criticou, dirigindo-se a António Costa, mas também a Macron que "evocam o seu poder" como se viessem vacinaras pessoas contra um vírus.
No entanto, para Mortágua "o vírus mais perigoso é esta forma de pisar as pessoas com o empobrecimento, com a desproteção social e com armadilhas, como as dos tratados europeus".
"É deste ataque à soberania democrática que se alimenta o vírus da direita e, para o combater, a nossa resposta é a segurança da vida das pessoas: igualdade, habitação, saúde, educação, salário, justiça nos impostos, esses são os únicos remédios contra o vírus. Querem saber o nosso programa para combater o vírus da mentira? Dizemos a cada trabalhador, a cada trabalhadora, que a esquerda é igualdade, habitação, saúde, educação, salário, justiça nos impostos", enfatizou.