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BE voltaria a votar contra OE2022 e não se arrepende "da coerência"

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Foto Global Imagens

A coordenadora cessante do BE, Catarina Martins, defendeu hoje que o partido "fez o que tinha a fazer e voltaria" a votar contra o Orçamento do Estado para 2022, apontando que os bloquistas não se arrependem "da coerência".

"Fizemos o que tínhamos de fazer e voltaríamos a fazer o mesmo enfrentamento com o Governo nos Orçamentos a propósito da saúde e dos direitos laborais", defendeu Catarina Martins.

No seu discurso de despedida na XIII Convenção Nacional do BE, no pavilhão do Casal Vistoso, em Lisboa, Catarina Martins recuou ao 'chumbo' do Orçamento do Estado para 2022, que levou o país a eleições legislativas antecipadas.

A coordenadora do BE afirmou que se vivem "tempos difíceis" salientando que não se estava a referir ao partido, apesar de reconhecer que "a derrota eleitoral do ano passado deixou feridas".

No entanto, garantiu: "Não nos arrependemos da coerência".

"Que ninguém se engane sobre quem somos e como somos: respeitamos quem tinha votado no Bloco e que, por medo da direita ou por preferir uma maioria absoluta, apoiou o PS há um ano; mas faremos sempre o mesmo que nos disserem para escolher entre uma conveniência partidária e o cuidado que a democracia deve ao SNS ou ao direito de quem trabalha", considerou.

Catarina Martins garantiu que o BE escolhe "a coerência e o compromisso com soluções que salvam vidas, que ajudam quem está doente, que dão ao pobre e ao remediado a garantia de que não deve ser cuidado nos nossos hospitais públicos de forma diferente da pessoa mais poderosa do mundo".

"Se agora estamos a recuperar força é por levarmos o país a sério e levarmos a sério o compromisso de quem confiou em nós. Não cedemos à chantagem e não preciso de vos dizer como é importante que o povo tenha esta certeza de que aqui está gente que nem verga nem quebra", vincou.

Antes, a coordenadora do BE já tinha referido que "foi em nome" da coerência que o partido promoveu e assinou os acordos da geringonça, ajudando "a salvar o país da direita"

"E não nos submetemos nunca à ideia peregrina de que bastaria um 'acordo de cavalheiros' para um compromisso de medidas: tem que haver honra e fidelidade aos acordos na política, mas o povo tem o direito de saber o que vai ser feito, quando e como, e isso é um acordo transparente para toda a gente conhecer", salientou.

Catarina Martins garantiu que o partido foi unitário contra o sectarismo e nunca deixará de o ser, querendo "toda a força da esquerda junta, porque não é demais para enfrentar a casta oligárquica que manda em Portugal".

Lembrando várias lutas e conquistas do partido nos últimos anos, Catarina Martins salientou que o Bloco revelou "escândalos financeiros", denunciou "a pirataria das privatizações e os banqueiros e CEOs que prejudicaram o país" e combateu "a corrupção, o compadrio e o clientelismo".

"E se agora nos dizem que é importante, pois lembrem-se que era o Bloco de Esquerda que Ricardo Salgado tratava como o seu inimigo e tinha toda a razão. É uma honra para nós termos mostrado que o crime é crime e que foram banqueiros quem assaltou os bancos", insistiu.

Mariana Mortágua, que agora é candidata à liderança do BE, foi uma das deputadas que mais se destacou na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução, que terminou os seus trabalhos em 2021.