UE vê transferência de armas nucleares russas para a Bielorrússia como "nova escalada"
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, condenou hoje a transferência de armas nucleares táticas russas para a Bielorrússia, considerando a medida "um passo que levará a uma nova escalada extremamente perigosa".
Para a UE, a decisão é contrária a vários compromissos internacionais de ambos os países, que entre outras disposições exigem que a Bielorrússia elimine todas as armas nucleares do seu território.
"O regime bielorrusso é cúmplice da guerra de agressão ilegal e não provocada da Rússia contra a Ucrânia. Apelamos às autoridades bielorrussas para encerrar imediatamente o seu apoio à guerra agressiva da Rússia e a reverter decisões que só podem contribuir para aumentar as tensões na região e minar a soberania da Bielorrússia", frisou o alto representante para a Segurança e Política Externa, em comunicado.
"Qualquer tentativa de agravar ainda mais a situação será recebida com uma reação enérgica e coordenada", garantiu Borrell.
Os ministros da Defesa da Rússia, Serguei Shoigu, e da Bielorrússia, Viktor Khrenin, assinaram esta quinta-feira em Minsk uma série de documentos que regulam o armazenamento de armas nucleares táticas russas em território bielorrusso.
"No contexto de uma escalada extremamente forte de ameaças e da atividade de missões nucleares conjuntas da NATO, somos obrigados a tomar medidas de retaliação na esfera militar-nuclear", apontou Shoigu.
O ministro da Defesa russo enfatizou que enquanto a Rússia implanta armas nucleares não estratégicas no território da Bielorrússia, Moscovo manterá o controlo sobre estas e a decisão sobre o seu eventual uso.
Em março, Vladimir Putin indicou que tinha já acertado com o homólogo bielorrusso a intenção de Moscovo instalar armas nucleares táticas de curto alcance na Bielorrússia.
A assinatura do acordo ocorre numa altura em que a Rússia se prepara para enfrentar uma aguardada contraofensiva da Ucrânia.
A Rússia e a Bielorrússia têm um acordo de aliança ao abrigo do qual o Kremlin subsidia a economia bielorrussa, através de empréstimos e descontos no petróleo e no gás russos.