Putin aponta progresso e diz que Arménia e Azerbaijão avançam para tratado de paz
O Presidente russo, Vladimir Putin, realçou esta quinta-feira que a Arménia e o Azerbaijão estão a caminhar para um tratado de paz e que apenas questões "estritamente técnicas" permanecem por resolver, após uma reunião mediada por Moscovo.
"Em geral, na minha opinião, apesar das dificuldades e dos problemas que permanecem, a situação está a evoluir para um acordo", frisou o chefe de Estado russo após a reunião trilateral realizada no Kremlin.
Putin, que se reuniu pela primeira vez separadamente com os líderes da Arménia e do Azerbaijão, Nikol Pashinyan e Ilham Aliev, respetivamente, realçou que, apesar de haver problemas não resolvidos, estes são questões "de natureza puramente técnica" e de "terminologia", razão pela qual são "obstáculos superáveis".
O Presidente russo anunciou também uma reunião para a próxima semana, em Moscovo, entre os vice-primeiros-ministros da Rússia, Arménia e Azerbaijão para tentar resolver essas questões, que dizem respeito principalmente ao desbloqueio das comunicações de transporte na região.
Putin apontou que este é "um bom acordo, que inspira esperança de que esses problemas sejam resolvidos".
A Armênia e o Azerbaijão trabalham há meses num tratado de paz com a mediação da Rússia, União Europeia e Estados Unidos.
A demarcação da fronteira, pendente desde que ambos os países acederam à independência da URSS, em 1991, e a segurança dos arménios que vivem em Nagorno-Karabakh - reconhecida internacionalmente como parte do Azerbaijão, mas povoada por arménios - são dois dos pontos mais sensíveis das negociações de ambos os lados.
São frequentes os confrontos armados entre os dois exércitos na fronteira, tendo o último ocorrido na véspera da reunião ministerial em Moscovo.
Pashinyan denunciou a Putin que a situação continua bastante tensa em Nagorno-Karabakh e no corredor Lachin, reiterando que Baku o bloqueou em violação do acordo trilateral de novembro de 2020 facilitado pela Rússia que contempla o desbloqueio de transportes e comunicações económicas.
O arménio enfatizou que isso criou uma crise humanitária no enclave, que foi agravada pelo bloqueio do fornecimento de gás e eletricidade a Karabakh.
O governante da Arménia também insistiu que o Azerbaijão permita o transporte ferroviário de mercadorias arménias para a Rússia e o Irão através de Nakhchivan (enclave do Azerbaijão entre a Arménia, o Irão e a Turquia), enquanto a Arménia está pronta para garantir a passagem normal de todos os veículos e comboios pelo seu território.
Já Aliev destacou, no seu encontro bilateral com Putin, que, após o reconhecimento pela Arménia de que Nagorno-Karabakh faz parte do Azerbaijão e reconhecendo a integridade territorial do Azerbaijão, "a negociação de outras questões do tratado de paz será muito mais fácil".
Esta semana, Pashinyan garantiu que está disposto a reconhecer Nagorno-Karabakh como território do Azerbaijão, garantindo que os 86.600 quilómetros quadrados de território azerbaijano reconhecido internacionalmente incluam o enclave.
O líder arménio lembrou que, por sua vez, o Azerbaijão deve reconhecer oficialmente que a superfície do Estado arménio é de 29.800 quilómetros quadrados.
Para Baku, a falta desse reconhecimento foi o principal obstáculo para se chegar a um acordo de paz.
A Rússia mediou um cessar-fogo entre a Arménia e o Azerbaijão em outubro de 2020, que pôs fim a uma guerra de 44 dias em Nagorno-Karabakh, ganha por Baku.
Karabakh é reconhecido internacionalmente como território do Azerbaijão, mas é habitado por arménios étnicos.
Yerevan perdeu o controlo de mais de dois terços dos territórios dentro e ao redor de Karabakh na última guerra, mas mantém comunicação com o enclave através do corredor Lachin.