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Por uma cultura de Saúde

A EuroHealthNet definiu o período entre 22 a 26 de maio para assinalar a Semana Europeia da Saúde Pública. O tema de 2023 é ‘Saúde pública: questões globais, ações locais’. A Saúde Pública procura definir políticas e estratégias para promoção da saúde, para prevenção da doença e para o prolongamento da vida saudável. Não é, pois, uma especialidade que tem apenas o foco no combate à doença.

Neste âmbito, aproveito para manifestar uma particular preocupação com a saúde dos jovens. A adolescência é um período crucial para desenvolver bons ou maus hábitos sociais e emocionais. As políticas que promovem e protegem a saúde em termos globais, assim como o suporte familiar, escolar e comunitário são fundamentais para o desenvolvimento saudável do adolescente, que o ajudam a lidar com as adversidades da vida e a desenvolver a resiliência. No fundo, o objetivo das intervenções multissetoriais é aumentar os fatores protetores e diminuir os comportamentos de risco. Jovens resilientes e saudáveis serão adultos mais felizes e produtivos.

A Escola é, sem dúvida, um lugar privilegiado para atuar na promoção da Saúde dos jovens, uma vez que é lá onde passam a maior parte do seu dia e do seu tempo. O envolvimento da comunidade educativa, em articulação com as estruturas de Saúde e da Segurança Social, é determinante na prevenção primária, na deteção e identificação de comportamentos de risco ou pouco saudáveis.

Por isso, entendo que os programas no âmbito dos comportamentos aditivos devam ser implementados de forma contínua e articulada, entre as escolas e os centros de saúde, que envolvam as famílias na deteção precoce e acompanhamento dos seus membros; ações concretas dirigidas aos jovens em idade escolar para que sejam partes ativas na deteção e apoio a jovens em situação de vulnerabilidade (impera o silêncio entre pares, algo que é necessário alterar, ou seja, é importante sensibilizar para os riscos efetivos do consumo de drogas e para o papel fundamental da comunidade na deteção dos comportamentos de risco). As ações devem ser sistemáticas e devem desenvolver-se em contextos onde a propensão para o consumo é maior e nos lugares onde estão os grupos vulneráveis.

Ao contrário do PSD, que parece preferir a via securitária, punitiva e legislativa para tratar do tema das toxicodependências, o PS sempre considerou essencial a aposta na prevenção e no acompanhamento devido aos doentes, após o tratamento, com a devida articulação entre a área da Educação, do Social e da Saúde, para que as pessoas sejam devidamente informadas, acompanhadas e inseridas na sociedade, evitando-se os comportamentos nocivos e a marginalização.

Dificilmente conseguiremos impedir o consumo apenas através de ações punitivas. A intervenção deve sobretudo ser com o foco no indivíduo e na promoção do seu bem-estar e responsabilidade.