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O regabofe da banca portuguesa

Senhores políticos, quando acabarem com a classe média, fechem o país

Os últimos tempos foram fartos de novidades. Coisas nunca dantes vistas. Ou pelo menos, novidades que há muito tempo ou nunca se tinha ouvido ou visto.

A verdade é que, desde há bastante tempo, muito bastante, que não vejo nem oiço as notícias. Mudo de canal noticioso de TV e deixo-me ficar por canais lúdicos ou culturais. Estou cansado de ver notícias sobre assuntos revisitados e de mero sensacionalismo que em nada contribuem para me elevar. Para não falar nas novelas políticas.

No entanto, num destes dias, entre túneis, acabei por ouvir uma notícia que os bancos estão a apresentar lucros elevados, diria, fabulásticos. Eu pensei nos tempos altamente penalizadores que todos nós, cidadãos, sobretudo, contribuintes pagantes, tivemos de passar para o sistema financeiro e bancário não colapsar. Foram tempos difíceis para o país e fomos todos chamados para acudir à banca. E não foi só o BANIF, o BPN, BES que nos custaram os olhos da cara e largas centenas de milhões de euros. É preciso acrescentar as “ajudas” e similares.

Ora, esperaria eu, que, tendo em conta que, quando eles precisaram contaram com a nossa ajuda, seria agora, nesta fase de engorda que atravessam, que retribuiriam, minimamente, o esforço de antanho. Pelo que se vê, aquela gente tem limitações na solidariedade e na reciprocidade. São de memória extremamente curta e a sua visão apenas chega ao bolso onde têm a carteira, ao lado do umbigo.

Os juros dos empréstimos praticados pelos bancos acompanham as taxas Euribor acrescidos dos acessórios. Ao contrário, as taxas de juros das aplicações dos seus depositantes, praticados pelos bancos portugueses são das mais baixas da Europa.

A par desta situação, todos nós ouvimos e sentimos na pele a subida dos preços praticados nos bens de primeira necessidade. O próprio governo já veio alertar que pode estar em causa o crime de especulação. Penso que todos se ficaram a rir… Nunca mais se ouviu nada. E os preços continuam a subir. Argumenta-se com a economia de mercado, a livre concorrência, etc., etc. E a engorda dos donos da economia continua a crescer.

A verdade é que relativamente a este regabofe que a banca anda a praticar, de nenhuma entidade governativa se ouviu qualquer alerta. Será que, haverá um lugar na administração dum qualquer banco, à espera de ser preenchido?!…

Devido ao aumento das taxas de juros, o governo prometeu medidas sociais para ajudar os mais desfavorecidos e penalizados no aumento do valor das prestações devidas aos bancos. Mais uma vez, os contribuintes pagantes - classe média – é chamada, via impostos, a ajudar os bancos nos seus objectivos.

Senhores políticos, quando acabarem com a classe média, fechem o país.