Jardim diz que o PSD tem de “inviabilizar a revisão constitucional”
“O estado a que isto chegou já era de esperar. Produtividade baixa, subida da inflação, um governo formado por aparelhos partidários, a confusão entre governo e partido. Este governo parece um secretariado do PS, ainda por cima um secretariado que não quer trabalhar”. A afirmação é de Alberto João Jardim, à margem da apresentação do livro de Joaquim Miranda Sarmento ‘Crónicas de um país estagnado’ que decorreu esta tarde, na Livraria Bertrand, no Funchal.
“Era de esperar que, a partir do momento em que a situação financeira mundial deixou de estar controlada, com o aparecimento das dificuldades, uma coisa mal constituída como este governo não corresse bem”, afirmou o antigo presidente do Governo Regional.
Alberto João Jardim considera que a “palhaçada” que se criou em torno da comissão e inquérito à TAP é marginal e que o problema da desacreditação das instituições é muito maior.
“Isso é uma ‘petite histoire’ de toda esta palhaçada. As instituições não funcionam devido a haver um sistema político que está a estragar o regime democrático”.
Para Jardim o problema é mesmo António Costa e a “cobardia política” de se recusar a fazer reformas.
“O primeiro-ministro é que é de direita porque é conservador. Ele não quer ouvir falar de reformas estruturais e depois diz que os outos é que são de direita. Não havendo reformas estruturais vamos continuar com o que temos no país”, afirma.
Reformas que não vão sair desta revisão constitucional que considera “uma fraude”.
“Fizeram esta revisão constitucional que é uma fraude que até, curiosamente, o homem de mão do primeiro-ministro que é o Ventura do Chega é que lança a revisão constitucional, para o Costa poder fazer duas ou três modificações e ser o suficiente para só poder haver reforma do Estado daqui a mais cinco anos”. Alberto João Jardim
Perante isto o que deve fazer o seu partido? A resposta de Jardim é simples.
“Primeiro, tem de impedir a revisão constitucional, tem de inviabilizar, porque sem o PSD não há revisão. Se não o fizer está a ser cúmplice do PS em adiar, por mais cinco anos, a reforma do Estado”, explica.
DE quem não espera nada é do Presidente da República.
“O Presidente da República não tem muita margem de actuação porque ele é tão responsável como o primeiro-ministro pela situação a que chegámos. Não se tira de um para pôr no outro”, garante.
Jardim considera que Marcelo está condicionado por todo o apoio que deu a António Costa ao longo dos últimos sete anos.
“Durante estes anos todos foram ‘compagnons de route’, o que um dizia o outro aprovava. Agora, numa fase em que as coisas estão a correr muito mal o professor Marcel, que é uma pessoa inteligente, começou a perceber que era altura de se demarcar do primeiro-ministro, mas agora é tarde. Penso que não tem margem de manobra e credibilidade perante o país para resolver alguma coisa”.