Velhos (Idosos) não são trapos, são Gente
Dizem os entendidos que a “Bazuca” (PRR) está cheia de dinheiro e que não sabem o que fazer com tanto dinheiro
Todos os dias vemos tratados de especialistas a falar do envelhecimento activo, dos lares dignos e não manhosos para idosos.
Sinto na pele a situação dos velhotes, do abandono destes pelos familiares, sendo que alguns até ficam com as magras reformas dos progenitores.
Tenho enorme alegria de ter uma velhota de quase 100 anos, que vive só, que vou todos os dias visitá-la ao fim da tarde e ao domingo almoço fora e dar um passeio para que os pulmões fiquem cheios de ar fresco para a semana inteira.
Recentemente e no âmbito da minha vida profissional estive a programar na “ilha dourada” a Unidade para os velhotes, com quartos dignos, oficinas e outros trabalhos, com ligação à nova ULS, onde terá todos os cuidados médicos, de enfermagem, etc…
Ser velho é ter vivido bastante, cada um à sua maneira, preparando ou não a sua última fase da sua vida, até passar para a outra margem.
Ser velho/idoso não é ser pedinte para comer, para possuir medicamentos, consultas adequadas de gerontologia, equipamentos de audição, cirurgias para melhoria da visão e ajudas/equipamentos para conseguir andar.
Ser idoso activo e acompanhado pela sua família foi a vida feliz do nosso amigo Padre Tavares, que tanto lutou pela liberdade contra a tirania e que deu os seus livros para o Município de Câmara de Lobos.
Ser idoso, activo e feliz é do Padre Agostinho, com quem vou almoçar amanhã em Lisboa, que vive numa residência diocesana, com os seus aposentos dignos, sala de recepção aos amigos e todos os apoios necessários a uma vida digna, se despojou de tudo e ofereceu os seus livros à Câmara Municipal de Machico.
Ser idoso e feliz foi a minha mãe, que teve sempre companhia na sua casa e nunca foi para um lar, tinha apoio de amigos e de alguns netos e apoio clínico e carinhoso do Dr. Tiago.
Certo dia estava no Caniçal a ver um miúdo pescar com apoio do seu pai, e conheci o bombeiro que levou a minha mãe para o Hospital para terminar os seus dias.
Disse-me emocionado que a minha mãe tinha sido sua parteira e lhe dado a vida e que ele a tinha levado para o Hospital no fim da vida dela.
Dizem os entendidos que a “Bazuca” (PRR) está cheia de dinheiro e que não sabem o que fazer com tanto dinheiro. Com tanta falta de equipamentos adequados fisicamente e recursos humanos especializados para ajudar os idosos, o que esperam os bem vestidos e perfumados dirigentes desta área de investir esse dinheiro no apoio digno à terceira e quarta idade e acabar com a tristeza das altas problemáticas hospitalares tantas vezes repetidas e que demora a resolver.