Banda de Coimbra partilhou palco com Coldplay, provando que não há impossíveis
Os 5.ª Punkada - banda pop/rock da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra -- provaram que "não há limitações ou impossíveis para concretizar sonhos", ao partilharem o palco com os Coldplay, no último de quatro concertos na cidade conimbricense.
Os olhos de Fátima Pinho, a teclista dos 5.ª Punkada, não enganam e adivinham uma noite "mal dormida", não só porque dormiu menos de três horas, mas também pela adrenalina que a levou a pisar o mesmo palco que Chris Martin, o vocalista dos britânicos Coldplay.
Apesar de cansados, os olhos da teclista dos 5.ª Punkada irradiam alegria, "uma felicidade tremenda", que "chegou de forma tão rápida e surpreendente", que ainda duvida se não estará a sonhar.
"Ligaram-me a dizer para me preparar rapidamente, que me vinham buscar e que iríamos tocar com eles [Coldplay]. Foi como uma bomba, não estava a contar e até chorei, a pensar que deviam estar a gozar", revelou hoje à agência Lusa.
Preparou-se a rigor, com "umas calças cor-de-rosa brilhantes" porque gosta de "peças diferentes", e não esqueceu o 'eyeliner' preto, para fazer sobressair uns expressivos olhos verdes.
"Estivemos a ensaiar com eles [Coldplay] durante a tarde [de domingo] e [Chris Martin] veio logo dar-me um beijinho. Foram todos muito humanos, humildes e carinhosos, e estiveram muito atentos ao nosso trabalho no ensaio", descreveu.
De acordo com a teclista dos 5.ª Punkada, conhecer e tocar com os Coldplay é a prova de que "não há limitações ou impossíveis para a concretização dos sonhos".
"Sentimo-nos iguais a eles: nem inferiores, nem superiores: uma banda como eles", evidenciou.
Em palco tocaram "Metade de Mim", a 'meias' com a banda britânica e foi "simplesmente arrepiante".
"Porque eram os Coldplay, era o maior palco e o maior público de sempre", justificou.
Só madrugada 'alta' é que chegou a Águeda, onde vive com a mãe, e mal dormiu, pois pelas 06:00 de hoje regressou ao seu dia-a-dia habitual, na Quinta da Conraria, em Coimbra.
Está mais cansada do que é costume, mas "valeu a pena".
Já o coordenador do projeto 5.ª Punkada, Paulo Jacob, considerou que a banda pop/rock da Associação de Paralisia Cerebral de Coimbra viveu "uma experiência avassaladora".
"O Chris Martin escolheu o tema e viveu-se a experiência de partilhar um palco, de conversar bocadinho sobre música. Até tivemos um camarim e acho que se pode falar numa espécie de pináculo", destacou.
No seu entender, esta subida ao palco com os Coldplay é a prova de que a deficiência não é incapacidade, mas tão somente uma limitação.
Os 5.ª Punkada contam com três álbuns de originais: "Live in Germany", "5.ª Punkada" e "Somos Punks ou Não?", sendo a primeira banda constituída por pessoas com deficiência agenciada profissionalmente.
Fundados em 1993, já percorreram Portugal de norte a sul e viajaram também para Inglaterra, Alemanha, Bélgica, França, Grécia, Espanha, Itália e Finlândia, num total de mais de 300 concertos.
Atualmente, a banda é constituída pelo vocalista Fausto, Fátima Pinho nas teclas, Miguel Duarte na bateria e Jorge Maleiro na guitarra. O quinto elemento é o coordenador e também guitarrista Paulo Jacob.
"Temos aí uma digressão europeia agendada para o mês de setembro, com duas semanas intensas. Começamos na Bélgica e passaremos por França, Luxemburgo, Holanda, Áustria e Alemanha", concluiu.
O Estádio Cidade de Coimbra acolheu, na última quarta, quinta-feira, sábado e domingo, a banda liderada por Chris Martin, que juntou mais de 200 mil pessoas nos quatro concertos.