Número de trabalhadores na Madeira aumentou 10,7% em 2021
O número de trabalhadores por conta de outrem (a tempo completo e com remuneração completa) na Região Autónoma da Madeira no ano 2021 aumentou significativamente, quase 11% face a 2020 (primeiro ano e de maior impacto da pandemia, recorde-se), para um total de 46,3 mil activos dos quadros de pessoal das empresas. Os ganhos médios mensais, contudo, aumentaram 3,5%, na altura bem acima da inflação.
Os dados foram avançados esta manhã pela Direção Regional de Estatística da Madeira (DREM), numa actualização da 'Série Retrospectiva das Estatísticas dos Quadros de Pessoal', cujos dados são fornecidos ao Instituto Nacional de Estatística pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. "O apuramento estatístico dos Quadros de Pessoal é baseado no Anexo A do Relatório Único - relatório anual que compila dados sobre a atividade social da empresa e que é respondido pelas entidades empregadoras com pelo menos um trabalhador por conta de outrem. Esta informação é preenchida ao nível do estabelecimento", refere a DREM para contextualizar a fonte dos dados.
Voltando aos números, o acréscimo de 10,7% face ao ano anterior significa que "a RAM seguiu assim a tendência nacional de crescimento (1,9%), mas a sua maior especialização no sector turístico - fortemente penalizado pela pandemia no ano anterior - determinou um ganho maior nos trabalhadores por conta de outrem", justifica.
Aliás, até há discrepâncias maiores no que toca aos municípios. "Face a 2020, e em termos relativos, os municípios que apresentaram os maiores aumentos no número de trabalhadores por conta de outrem foram Porto Moniz (38,7%), Calheta (16,1%) e Funchal (15,6%), acima da média regional (10,7%). Em 2021, Funchal (66,2%), Santa Cruz (10,3%), Câmara de Lobos (5,2%) e Machico (4,5%) eram os municípios que concentravam maior número de trabalhadores por conta de outrem nos estabelecimentos. No pólo oposto encontravam-se os municípios da costa Norte da ilha da Madeira, mais concretamente Porto Moniz (0,6%), Santana (1,1%) e São Vicente (1,2%)", sintetiza a DREM.
Serviços dominam cada vez mais
No que toca aos grandes sectores de actividade (Primário, Secundário e Terciário), "considerando a distribuição dos trabalhadores por conta de outrem (...) observa-se que o sector terciário, 'Serviços', foi naturalmente o que assumiu maior expressão, ocupando 78,7% do total do pessoal ao serviço em 2021, tendo apresentado um crescimento de 14,5% face ao número de trabalhadores neste sector no ano transato", uma vez que é onde se encontram os empregos no turismo.
"Comparativamente ao sector terciário, o sector secundário, 'Indústria, construção, energia e água', continua a revelar-se menos empregador (20,2% do total de trabalhadores), registando um decréscimo de 1,6% em relação a 2020", apura.
"Por sua vez, o sector primário, 'Agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca', com apenas 1,0% dos trabalhadores por conta de outrem, observou um acréscimo anual de 5,4%. Comparativamente a 2020, o peso do sector primário diminuiu 0,1 pontos percentuais (p.p.), o sector secundário recuou 2,5 p.p., enquanto o sector terciário apresentou um aumento de 2,6 p.p.", garante.
Cada vez são mais os com ensino superior
Nos dados, também são decompostos por formação, sexo e tipo de empresa. "Tendo em conta o sexo, os resultados indicam que as pessoas ao serviço nos estabelecimentos empresariais a operar, em 2021, na RAM eram maioritariamente do sexo masculino (54,1% do total; 55,5% em 2020)", realça.
A DREM diz ainda que "na distribuição dos trabalhadores por escalão de pessoal da empresa, observa-se um aumento de trabalhadores em quase todos os escalões, sendo mais expressiva, em termos relativos, nas empresas que têm entre 250 e 499 trabalhadores (90,4%) e nas empresas que têm 500 e mais trabalhadores (20,2%)".
Por fim, no que às habilitações literárias diz respeito, comparando o ano anterior com 2021, "registou-se uma subida no número de trabalhadores em todos os níveis de habilitações. O crescimento mais expressivo ocorreu nos trabalhadores com habilitações mais altas (24,1% em 'Bacharelato'). Seguem-se os aumentos nos grupos 'Mestrado' (18,3%) e 'Ensino secundário' (16,5%). Os grupos mais representativos continuam a ser os que possuem o 'Ensino secundário' (33,2%) e o '3.º ciclo do ensino básico' (26,4%). Os trabalhadores com habilitações superiores (licenciados, mestres ou doutorados) representavam 16,6%, o que significa que em 14 anos aquele valor ultrapassou o dobro, visto que em 2007 era de apenas 7,5%", realça.
Ganho médio mensal ainda cresceu 3,5%
Olhando ao ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem, este "situou-se nos 1.212,39€, valor superior ao do ano anterior (1.171,42€), o que corresponde a um aumento anual de 3,5%", garante. "De notar que no conjunto das regiões NUTS II, a RAM é aquela que apresenta o segundo valor mais elevado, apenas atrás da Área Metropolitana de Lisboa (1.562,69€). No que respeita ao escalão de pessoal da empresa, destaca-se o aumento de 5,3% no ganho médio mensal dos trabalhadores de estabelecimentos pertencentes a empresas com 50 - 99 pessoas ao serviço. O grupo com 500 e mais pessoas é efetivamente aquele que aufere melhores remunerações (1.498,67€ em média), 23,6% acima da média regional. Ainda neste escalão é de realçar um aumento verificado no respetivo ganho médio mensal entre 2020 e 2021, de 0,3%. O escalão de pessoal 1-9 era aquele que oferecia ganhos inferiores (945,20€), embora tenha registado um acréscimo de 3,3% face a 2020".
No que toca ao ganho por sector de actividade, "em 2021, o sector secundário era o que apresentava um ganho médio mensal dos trabalhadores por conta de outrem maior (1.252,22€), 3,3% acima da média regional", enquanto "os sectores terciário (1.205,72€) e primário (935,12€) apresentavam valores abaixo da referida média".
Homens ganham mais 14,3% do que as mulheres
Reter que de acordo com o sexo, "os homens (1.286,34€) ganhavam em média mais 14,3% (ou seja, mais 161,22€) do que as mulheres (1.125,12€)", ou seja bem abaixo da média regional, "prolongando-se a tendência que existe desde o início desta série. Contudo, enquanto em 1995 as mulheres recebiam 77,6% do ganho médio mensal dos homens, em 2021, esse rácio foi de 87,5%", salienta a DREM. Uma aproximação de quase 10 pontos percentuais em 26 anos.
Por localização geográfica, "verifica-se que o município do Porto Santo era o que apresentava o ganho médio mensal mais elevado (1.323,46€), seguido do Funchal (1.264,75€) e Calheta (1.230,93€), os únicos que estavam acima da média regional (1.212,39€). Ao invés, Porto Moniz (886,52€), São Vicente (893,75€), Santana (927,20€), Ponta do Sol (933,17€), Ribeira Brava (997,38€), Câmara de Lobos (1.028,79€), Machico (1.142,01€) e Santa Cruz (1.168,42€) estavam abaixo da média", salienta.
Conclui a DREM que pelas habilitações literárias é possível "observar diferenças importantes", nomeadamente que "os trabalhadores com habilitações inferiores ('Inferior ao 1.º ciclo do ensino básico') tinham um ganho médio mensal menor (979,30€)" e que "entre os que detêm o '1.º ciclo do ensino básico' (1.021,20€) e o '3.º ciclo do ensino básico' (1.016,26€), as diferenças são pouco expressivas, mas o diferencial dos trabalhadores com estas habilitações para aqueles com o 'Ensino secundário' (1.104,08€) é já significativo". Ou seja: "A posse de licenciatura revela-se determinante para obtenção de um ganho médio mensal superior (1.896,51€), sendo que o expoente foi atingido, em 2021, pelos doutorados (2.437,34€)."