Boa Noite

Deselegâncias

O enxovalho a um governante da República que é madeirense confirma as vistas curtas de alguns políticos locais

Boa noite!

O PS entregou no Departamento de Investigação e Ação Penal do Funchal, uma queixa relativa às denúncias do antigo deputado do PSD Madeira à Assembleia Legislativa da República, Sérgio Marques, relativamente a obras inventadas, favorecimento a grupos empresariais, e influência de empresários no afastamento de secretários regionais do Governo da Madeira. O líder socialista madeirense alega que estão em causa “acusações muito graves e confissões de quem conhece o regime e o PSD Madeira por dentro”.

Desta forma, Sérgio Gonçalves não só faz passar a mensagem que o Ministério Público anda distraído e que é necessário remeter-lhe 500 páginas de memorando para ver se acorda, mas também confirma o repentismo socialista, sem cuidar das consequências.

Com à reacção enérgica ao relatório  da  Comissão de Inquérito o PS também prova que há há cada vez mais gente a confundir opiniões com factos e, pior, a analisar a realidade a partir de percepções pessoais. As acusações sem provas e outras diatribes levianas configuram crime. Por isso, a queixa socialista no MP pode ter um reverso da medalha. Mas como o PS é um partido experimentado em processos e  habituado a lidar com casos de justiça, já deve estar avisado para o facto.

Pena é que o PS-M não usasse do mesmo vigor  para contestar omissões graves. Mas não é obrigado a mais, mesmo que tenhamos ficado desiludidos com o facto de haver gente no Parlamento madeirense que é manifestamente iletrada em vários domínios e que ache que a economia se faz sem empresários e que estes não podem enriquecer, catalogando-as facilmente com os piores nomes, como reles bando malfeitores. E estupefactos com a tentativa de confundir a opinião pública com alegada interferência dos empresários que investiram na comunicação social nas matérias de índole editorial. Só a ignorância atrevida pode achar que  os factos podem ser escondidos e que as dissertações provincianas sobre os mesmos sejam ignoradas.

Numa semana de deselegâncias é também inacreditável que alguns socialista confundam questões pessoais com matérias institucionais. Emanuel Câmara, edil do Porto Moniz e camarada de partido de Paulo Cafôfo não recebeu o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, no âmbito dos três dias de visita oficial do governante à Madeira, cumprindo o roteiro ‘Ligar Portugal à Diáspora’. Não sei que agenda política têm alguns decisores quando não definem prioridades e estratégia, e manifestam indisponibilidade para "concertar formas de entendimento para desenvolver iniciativas em prol desta vasta comunidade de madeirenses espalhada pelo mundo".

O presidente do Governo não fez melhor, ao não receber Paulo Cafôfo. Regista-se a desconsideração que levou o secretário de Estado recebido por um Director Regional quando toda a gente sabe quem é que facto na Região tutela as Comunidades. O enxovalho a um membro do governo nacional que é madeirense era dispensável quando sobre a mesa estão matérias de interesse de milhares de conterrâneos que não apreciam que sejam joguete político quando tudo fazem para ser activo estratégico de Portugal.