Aeroporto da Madeira é o único no mundo com limites de vento obrigatórios?
Os recorrentes constrangimentos com a operacionalidade da infra-estrutura aeroportuária provocados pelo vento forte na zona de Santa Cruz voltou a ser tema de (muita) conversa, também no Parlamento Regional.
Nos últimos anos, com o aumento do movimento aéreo de e para a Madeira, têm sido também mais significativos os constrangimentos sempre que o vento 'excede' os limites operacionais.
Os problemas de operacionalidade causados pelos limites de vento impostos no Aeroporto da Internacional da Madeira – Cristiano Ronaldo, de 15 nós para o vento médio, e 25 nós para a rajada, como norma mandatória, voltou a ser tema em discussão na Assembleia Legislativa da Madeira.
Carlos Rodrigues, deputado do PSD, antecipando-se à audição da administração da NAV ocorrida esta quinta-feira, lembrou, no início da semana, que a solução do problema "está na mesma situação de há um ano e três meses", quando foi dito que eram necessários equipamentos, para fazer estudos que permitissem rever os limites.
Equipamentos que também permitiriam melhor operacionalidade, mas que ainda não foram adquiridos. "Foi lançado o concurso e nada mais sabemos", manifestou na ocasião.
Nessa intervenção feita no hemiciclo, Carlos Rodrigues reiterou que o problema do aeroporto em Santa Cruz resulta do facto de os limites de vento terem sido definidos em 1964, com um avião DC3, da II Guerra Mundial, sem a tecnologia actual. Ademais, reafirmou que a Madeira é "caso único no mundo" ao ter limites obrigatórios de vento e não indicações/recomendações em deixar à responsabilidade do piloto comandante a decisão, como acontece nos restantes aeroportos à escala global.
O deputado social-democrata lembrou ainda que os limites de vento foram definidos para um aeroporto com uma pista de 1.600 metros, quando hoje tem 2.781 metros e comparou a pista madeirense com outras, como Gibraltar (2.000 metros), Ponta Delgada (2.600) ou Horta (1.600).
Mas será verdade que o Aeroporto da Madeira tem essa particularidade exclusiva como caso único no mundo em que a partir de determinada intensidade/velocidade do vento não é permitido operar, nomeadamente aterrar?
O DIÁRIO colocou a questão ao Piloto Comandante João Moutinho, que é também presidente da Associação de Pilotos Portugueses de Linha Aérea (APPLA), associação que representa mais de 1.500 pilotos portugueses de diversas companhias aéreas portuguesas e estrangeiras.
“Em relação a isso não podemos ser absolutamente peremptórios. Pode dar-se o caso de em algum lado do mundo haver outro aeroporto que tenha uma limitação imposta de ventos. Contudo, não é do nosso conhecimento (APPLA) que exista outro aeroporto com o mesmo tipo de limitação de ventos tal como existe na Madeira”, respondeu, não apenas em nome próprio, mas também da Associação de Pilotos que representa.
