Governo Regional confronta Cafôfo com o que realmente afecta as comunidades
Rui Abreu devolve a responsabilidade do Programa Regressar para o Governo Central
O director regional das Comunidades e de Cooperação, Rui Abreu, desvaloriza a pertinência do acordo de cooperação proposto pela Secretaria de Estado das Comunidades, por entender que quase não traz nada de novo em relação ao protocolo assinado em 2016 entre os dois governos, nacional e regional.
“O Governo da Madeira e o Governo da República tem um protocolo assinado desde 2016 com matérias praticamente idênticas a este”, manifestou aos jornalistas no final da reunião que manteve com o secretário de Estado das Comunidades, Paulo Cafôfo. Enquanto este abandonava o Palácio do Governo, onde manteve o encontro oficial, Rui Abreu reagia ao que considera ser “um não assunto”, ao mesmo tempo que assegurava que o relacionamento institucional entre Funchal e Lisboa “existe”.
Para o governante regional, que representou o presidente do Governo Regional no encontro de ‘estado’, há sim outras matérias que devem merecer particular preocupação porque também afectam directamente a Diáspora portuguesa e em especial a comunidade madeirense.
A começar pelo controverso Programa Regressar “que não se aplica aos Açores e à Madeira” e que já foi alvo de “Resolução unânime na ALM” e de uma carta conjunta dos dois governos. Motivo para apelar que “de uma vez por todas se resolva a questão do Programa Regressar” e por consequência, “de uma vez por todas se deixe de andar aqui a fazer política com isto”, atirou.
Confrontado com a explicação dada ainda esta manhã por Paulo Cafôfo sobre o ‘Regressar’, Rui Abreu contestou os argumentos do secretário de Estado para reafirmar que esta é uma matéria de emigração e como tal, não é regionalizada.
“Defendemos das duas uma: ou o Estado assume [o Programa também nas regiões autónomas], ou transfer verbas para a Madeira e para os Açores para afectar a essa medida”, reclamou.
Mas o rol de preocupações de Rui Abreu não se fica por aqui. Lembrou a Cafôfo que “é fundamental” promover o ensino da Língua Portuguesa, que importa reforçar a rede consular, e promover ligações aéreas junto das comunidades, nomeadamente à Venezuela e a África do Sul. No caso da Venezuela, reclama ligação directa à Madeira, enquanto no que diz respeito ao país sul-africano, onde estão radicados meio milhão de portugueses, lamenta que não haja ligações directas com Portugal há 12 anos, realidade que admite ser “caso único no mundo”.
A questão dos lesados do Banif e do BES também foi manifestada para lamentar que “passados estes anos todos não se vê uma luz ao fundo do túnel. Vão sempre enrolando, enrolando, enrolando e os prejudicados são as pessoas que tinham as suas poupanças e viram as suas vidas andar para trás”, concretizou.