Casa Branca saúda extensão do acordo de cereais e quer solução "durável"
A Casa Branca classificou hoje como "uma coisa positiva" o prolongamento por dois meses do acordo para a exportação via mar Negro dos cereais ucranianos.
Contudo, o conselheiro de Segurança Nacional da Presidência norte-americana, Jake Sullivan, defendeu que "o mundo precisa de ter a certeza de que essa solução existirá de uma forma durável", criticando a Rússia por "manter refém" este acordo fundamental para a segurança alimentar mundial.
Por seu lado, a Ucrânia declarou-se grata com as mediadoras ONU e Turquia pela extensão por dois meses do acordo com a Rússia sobre a exportação de cereais ucranianos, ao passo que Moscovo criticou a sua aplicação "desequilibrada".
"Estamos reconhecidos para com os nossos parceiros, a ONU e a Turquia, pelos seus esforços para aumentar a segurança alimentar mundial", afirmou o vice-primeiro-ministro para a Restauração da Ucrânia, Oleksandr Kubrakov, que acompanha esta matéria, sobre o documento essencial para o abastecimento alimentar a países de África e da Ásia, interrompido no ano passado pela guerra russa na Ucrânia, iniciada em fevereiro.
"O principal desafio é agora tornar o acordo eficaz, removendo os obstáculos artificiais", acrescentou o governante ucraniano na rede social Twitter.
A Ucrânia saudou "a posição firme e determinada" dos seus parceiros e precisou ter exportado até agora 30,4 milhões de toneladas de produtos agrícolas ao abrigo deste acordo, assinado em julho de 2022 e já anteriormente prolongado por 60 dias uma vez, a 19 de março.
Em teoria, as renovações do pacto deveriam ser válidas por 120 dias, mas a Rússia disse que só aceitaria um prolongamento de 60 dias.
Segundo Kiev, a Rússia começou em abril "a limitar de forma irrazoável a aplicação" do texto, recusando-se a registar navios ucranianos e a realizar inspeções.
"Perto de 70 navios estão atualmente à espera em águas territoriais turcas e 90% deles estão prontos para entregar os produtos dos nossos agricultores", sublinhou ainda Oleksandr Kubrakov.
"Congratulamo-nos com a continuação da iniciativa, mas insistimos em que ela deve funcionar eficazmente", acrescentou, apelando aos aliados da Ucrânia para porem termo à "sabotagem" da Rússia.
A Rússia, outro grande exportador mundial de produtos agrícolas, critica que o acordo não tenha em conta os seus interesses, sendo a sua produção alvo de sanções ocidentais.
Hoje, Moscovo insistiu novamente nessa questão, apelando para que se corrija a aplicação "desequilibrada" do acordo.
"Os nossos principais comentários ao acordo (...) não mudaram. Os desequilíbrios na sua aplicação devem ser corrigidos o mais rapidamente possível", declarou a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, numa altura em que Moscovo se queixa de que as suas exportações de fertilizantes e produtos alimentares continuam a ser travadas.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14,7 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de 8,2 milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Pelo menos 18 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 448.º dia, 8.836 civis mortos e 14.985 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.