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São tretas, senhor

Estou farto de taxinhas, aqui e acolá, por isto e por aquilo. A fixação deste governo e desta administração de turismo em reinventar a roda leva a soluções ineficazes e frequentemente ridículas, que decorrem principalmente do facto de quem decide não ter a mínima noção de como o turismo se operacionaliza. E do que necessita para funcionar bem.

É impossível monetizar cada uma das dezenas ou centenas de percursos possíveis na Madeira. Mas é sempre possível fazê-lo como um todo. Instalar uma bilheteira em cada ponto de acesso a uma levada é impensável. Mas vender nas tabacarias um cartão de acesso, e verificar se este é pago, em pontos esporádicos, e com penalizações sérias, só pode valer a pena.

É muito mais eficaz ter uma taxa turística – o valor é discutível, mas sugiro que seja alto – do que ir cobrando entradas aqui e acolá. Faz-se em toda a Europa, pelo menos, em Amsterdão, por exemplo, anda nos 5 euros por dia, e Florença já atingiu 5,50. E isto não me choca… se um visitante, que pagou alojamento, e pagou voo para chegar à Madeira, não pode pagar 5 euros por dia para compensar os custos acrescidos pela sua presença na ilha… talvez não interesse à Madeira ter este visitante.

Da mesma forma que não interessa à Madeira um visitante que acampa no Fanal e pendura uma corda de roupa em árvores com centenas de anos… ou um visitante que dorme noites deitado no chão do aeroporto, porque não trouxe dinheiro suficiente para pagar alojamento.

Não me repugnaria aliás que o acesso à Madeira fosse limitado a quem demonstrasse, à chegada, ter alojamento para toda a estadia. Permitiria separar o trigo do joio, e cruzando essa informação com as finanças, saber se são pagos todos os impostos devidos, nomeadamente em termos de alojamento local (principalmente o não-declarado). E acabaria certamente com os casos de campismo selvagem, dos que dormem nos carros e dos que recorrem ao terminal do aeroporto para o fazer.