Chefias intermédias estão em grande risco de stress e precisam de intervenção específica
A investigadora Tânia Gaspar considera que as chefias intermédias são nas empresas um grupo em grande risco de stress e devem ter uma intervenção específica, como o 'coaching de liderança', para garantir um ambiente de trabalho saudável.
Coordenadora do trabalho desenvolvido pelo Laboratório Português dos Ambientes de Trabalho Saudáveis(LABPATS) que vai ser apresentado na terça-feira, a especialista, que é psicóloga clínica, lembrou que as lideranças estão como que "numa posição de sanduíche": "estão em grande pressão pois acabam por estar pressionadas pela administração para cumprir os objetivos (...) e pelas próprias características dos profissionais que são difíceis de gerir".
Muitas vezes, "como são postos em causa, a melhor defesa é o ataque" e acabam por ser "mais hostis", exemplificou.
"Se eu tivesse que definir um ponto para intervir [nas empresas] era nas lideranças. Porque além de serem profissionais que também têm que ter bem-estar [no trabalho] eles têm uma grande influência no bem-estar dos outros", considerou.
Deu ainda o exemplo de ter lideranças empáticas, sublinhando: "temos estudos que revelam que se a atitude do líder é, por exemplo, de intolerância, de hostilidade, vai dar mais azo a que, mesmo dentro da própria equipa, a relação entre os colegas têm mais essa dinâmica".
Por outro lado -- acrescentou --, "se tiver um líder empático, assertivo e com escuta ativa a minha equipa vai ter muito mais dificuldade em ter um comportamento negativo".
"Eu acho que a liderança é realmente central, porque é bom para ela, mas depois também é aquela que vai de alguma maneira influenciar mais o ambiente de trabalho dos outros", afirmou.
Tania Gaspar dinamiza o LABPATS, que conta, entre as organizações fundadoras, com a Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, a Cruz Vermelha Portuguesa, o Programa Nacional de Saúde Ocupacional da Direção-Geral da Saúde, o Instituto Nacional de Administração e diversas ordens profissionais, sociedades científicas e universidades.
O seu intuito é estudar de forma sistemática as organizações e promover a saúde e bem-estar destas e dos seus profissionais, com o objetivo de ajudar as empresas a melhorar resultados.
As recomendações destes especialistas para que as organizações consigam manter ambientes de trabalho saudáveis estão num manual de acesso gratuito.
O LABPATS está aberto a entradas de novas organizações que pretendam avaliar o seu ambiente de trabalho, uma tarefa que é gratuita e que pode ser solicitada através do 'site' do laboratório.