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UE saúda acordo no Sudão para protecção de civis mas pede cessar-fogo duradouro

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A diplomacia da União Europeia (UE) saudou ontem o acordo entre as partes em confronto no Sudão, que assegura um corredor para os civis que fogem do conflito e para as operações humanitárias, mas insistiu num cessar-fogo duradouro.

"A União Europeia congratula-se com a assinatura esta madrugada, pelas forças armadas sudanesas e pelas forças de apoio rápido, de uma declaração de compromisso para proteger os civis, três semanas após o início de um conflito que já tirou a vida a cerca de 600 civis, 190 dos quais eram crianças", reagiu o porta-voz do alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.

Saudando os "esforços determinados dos negociadores sauditas e americanos", o porta-voz acrescentou que, "embora todos os esforços para pôr termo aos combates sejam bem-vindos, um cessar-fogo duradouro [...] é uma necessidade urgente e tardia".

"A União Europeia continuará a trabalhar com os parceiros internacionais e regionais numa plataforma de mediação consolidada que possa assegurar um cessar-fogo e um regresso ao regime civil que o povo do Sudão tem vindo a exigir desde a revolução de 2019", adiantou o porta-voz de Josep Borrell.

O acordo, alcançado esta madrugada, descreve uma série de compromissos de ambas as partes, que se comprometem a facilitar a ação humanitária a fim de satisfazer as necessidades dos civis, mas não fornece quaisquer pormenores sobre a forma como as promessas humanitárias acordadas serão cumpridas pelas tropas no terreno.

Em momentos anteriores, as duas partes acordaram em suspender os confrontos, mas com uma duração limitada e com acusações de ambas os lados de incumprimento por parte da outra força militar.

A cerimónia de assinatura do acordo, mediada pelos Estados Unidos da América e pela Arábia Saudita, foi transmitida pela imprensa estatal saudita esta madrugada.

O conflito no Sudão opõe o exército e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, sigla em inglês), comandado pelo general Mohamed Hamdan Dagalo, e desde 15 de abril até à data, mais de 600 pessoas foram mortas nos combates, mais de 150.000 fugiram do país e mais de 700.000 viram-se forçadas a deslocar-se internamente.

O Programa Alimentar Mundial (PAM) admite que o conflito armado desencadeado no Sudão pode levar a insegurança alimentar aguda no país a níveis recorde, com mais de 19 milhões de pessoas afetadas, dois quintos da sua população.

Os combates eclodiram após semanas de tensão sobre a reforma das forças de segurança nas negociações para a formação de um novo governo de transição.

Ambas as forças estiveram por trás do golpe que derrubou o executivo de transição do Sudão em outubro de 2021.